11/05/2024 - 18:13
Morreu nesta terça-feira, 7, em Goiânia (GO), a empresária Fábia Portilho, de 52 anos. Ela foi vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia plástica de mamoplastia e lipoaspiração.
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A causa da morte de Fábia foi apontada como tromboembolismo pulmonar gorduroso e choque obstrutivo. Para explicar as condições e alertar para riscos, a IstoÉ procurou o Dr. Wendell Uguetto, cirurgião plástico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. Acompanhe:
Especialista destaca riscos da cirurgia de mamoplastia e lipoaspiração
À entrevista, o Dr. Wendell começa falando sobre tromboembolismo pulmonar gorduroso e choque obstrutivo, que foram listados como causas da morte da empresária.
“Na lipoaspiração, alguns grânulos de gordura se desprendem e entram por um vaso sanguíneo, em geral uma veia. Eles caem na circulação e para o coração e depois para o pulmão. Com isso, vasos sanguíneos bem pequenos do pulmão ficam obstruídos, e não há troca gasosa. Isso é chamado de choque obstrutivo, porque não há uma troca de oxigenação do sangue”, explica. E conclui: “Isso leva à hipertensão pulmonar e ao óbito”.
Wendell ainda explica que pequenas embolias podem levar a alterações de oxigenação, mas não à morte. “O que acontece é que, na grande maioria das vezes, isso não está relacionado à lipoaspiração e sim à lipoenxertia, que é tirar gordura de um lugar e enxertar em outro”, diz o especialista. Segundo ele, o procedimento mais arriscado é a lipoenxertia intramuscular.
“Músculos do umbigo para baixo são mais perigosos de se fazer a lipoenxertia, porque existe um fenômeno chamado vácuo, que puxa muito mais a gordura. E como o músculo é muito vascularizado, existe maior risco”, esclarece. No entanto, ele aponta que existem alternativas ao procedimento, que devem ser consultadas com cada cirurgião plástico.
Ainda em relação à lipoenxertia, Dr. Wendell defende que, muitas vezes, as complicações pós-cirúrgicas não ocorrem por negligência médica, e sim pela imprudência de se praticar alternativas inseguras do procedimento — como, por exemplo, injetar gordura dentro do músculo dos glúteos.
É possível que as condições estejam ligadas à negligência médica?
O especialista defende que cirurgias plásticas sejam procedimentos de baixo risco: “O paciente está fazendo uma cirurgia eletiva e, teoricamente, já fez todo o pré-operatório. É um paciente que não tem outros problemas de saúde, não tem comorbidades, e vai para um centro cirúrgico com uma equipe especializada e anestesista sempre na sala”.
“Quando o paciente tem algum tipo de problema durante a cirurgia plástica, alguma das etapas de segurança foi perdida. Ou não era um bom hospital, ou o anestesista não estava na sala, ou o cirurgião não estava com uma equipe completa, estava operando sem auxiliar, ou houve a imprudência de fazer uma enxertia de gordura intramuscular”, destaca o Dr. Wendell.
Mesmo assim, o médico explica que a maior parte das complicações possíveis são consideradas pequenas e raras: sangramentos, cicatrizes inestéticas e até mesmo trombose venosa profunda, a trombose nas pernas.
Recomendações pós-operatórias
Ao menor sinal de indisposição por parte de um paciente pós-cirurgia plástica, a recomendação de Dr. Wendell é que este se dirija ao cirurgião que performou sua cirurgia ou ao pronto-socorro.
Ainda segundo o médico, as complicações pós-cirúrgicas estão quase sempre relacionadas à lipoaspiração, e não à mamoplastia.
“Em mamoplastia, praticamente não há risco sistêmico — é uma cirurgia de muito baixo risco. São percebidas complicações locais, como hematomas e deiscência (“abertura”) dos pontos, quando o paciente faz um pouquinho mais de esforço”, continua.
Dessa forma, a ordem médica é que pacientes que se submeteram à mamoplastia não façam força com os braços por, pelo menos, 15 dias, e não dirijam por 21 dias. Atividades físicas podem ser praticadas após um mês, de forma lenta e gradativa.
Quando o assunto é lipoaspiração, a recuperação é menos restritiva, mas o paciente deve fazer uso de cinta compressiva, passar por sessões de drenagem linfática para reduzir o inchaço, beber muita água e seguir uma dieta balanceada.
Pacientes podem passar pelas duas cirurgias ao mesmo tempo?
“Depende do desejo do paciente e do estilo do cirurgião”, enfatiza Wendell. “Tem cirurgião que faz cirurgias muito longas, associando até quatro procedimentos ao mesmo tempo. Isso é tolerado pelo paciente, mas eu prefiro associar no máximo dois procedimentos ao mesmo tempo”, destaca.
Apesar disso, ele confirma que lipoaspiração e mamoplastia podem ser performadas em um mesmo procedimento.