29/04/2024 - 12:42
“Já chegamos tarde para nosso voo!”, exclama um turista britânico, quando policiais à paisana param seu táxi clandestino na rampa de acesso ao aeroporto parisiense de Orly.
Para esta família que visitou a Disneyland Paris, sua estadia na França terminou com uma atração de outro tipo: a caça a táxis falsos por uma unidade policial especializada, conhecida como “Boers”.
A três meses dos Jogos Olímpicos, de 26 de julho a 11 de agosto, os táxis clandestinos são um dos primeiros desafios para os milhões de espectadores que viajarão a Paris.
Apesar do reforço da sinalização e das advertências aos motoristas sem autorização, que podem cobrar tarifas exageradas, o fenômeno se mantém.
“Nos fazemos passar por passageiros para detectar qualquer um que não se encaixe. No aeroporto, não esperamos mais que 5 ou 6 horas”, explica o capitão Patrice Desbleds, de 47 anos.
De suas salas no aeroporto de Orly, os “Boers” observam os motoristas de táxis clandestinos em uma câmera de vigilância.
Um discreto dispositivo vigia a chegada dos veículos ao segundo maior aeroporto da França.
Em meio ao engarramento, os agentes cercam um veículo com vidros fumês e placa tcheca.
Os agentes obrigam o veículo, que não tem símbolo de táxi ou de veículo de trasporte com motorista, a estacionar.
Após revistar o motorista, comprovam que o cidadão georgiano não tem licença, habilitação e seguro para o veículo.
Os passageiros britânicos entram em pânico ao ver os agentes. “É um pesadelo”, diz a mãe de família.
O motorista cobraria 140 euros (cerca de 750 reais) por um trajeto de 50 quilômetros entre Disneyland e o Orly, um preço acima do praticado pelos profissionais autorizados.
Enquanto os turistas correm com suas malas para o balcão da companhia, um policial os acompanham para anotar suas declarações em um papel.
Os agentes prendem o motorista e levam-no para a delegacia em um veículo policial sem identificação.
As penas podem ser de multas de entre 800 e 1.500 euros (entre 4.000 e 7.500 reais) ou o comparecimento a um tribunal.
Recentemente, essas operações têm registrado cerca de cinquenta prisões por mês, segundo a polícia.
Criada em 1938, a unidade de controle de transporte de passageiros emprega cerca de 90 policiais civis.
O apelido “Boers” é atribuído aos russos que fugiram da revolução bolchevique de 1917 para trabalhar como carroceiros em Paris. Eles não sabiam pronunciar a palavra “bourre”, polícia na gíria da época.
Durante os Jogos Olímpicos, além da presença nas estações ferroviárias e aeroportos, esses policiais também estarão presentes nas sedes olímpicas.
“Vamos aproveitar a experiência desta unidade (…) estamos nos adaptando ao evento”, afirma o capitão Desbleds.
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