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Com o fim dos Jogos Parapan-Americanos Rio 2007, na sexta-feira 18, o Brasil tem muito mais a comemorar do que o melhor desempenho esportivo em uma competição desse tipo. Ao romper a barreira das 100 medalhas e chegar ao fim de semana na liderança, os brasileiros mostraram que conseguem no esporte um nível de inclusão muito maior do que o verificado no cotidiano. É um paradoxo: num país onde a maioria das calçadas não têm acesso para os cadeirantes, veículos não estão adaptados para deficientes e elevadores não têm números em braile, os atletas do Parapan obtiveram resultados surpreendentes. “Quando se trata de inclusão, o esporte está à frente da sociedade brasileira”, detecta Alberto Costa, chefe da delegação nacional.

O segredo do sucesso está principalmente na Lei Agnelo/Piva, de 2001, que destina 2% da receita das loterias aos comitês olímpico (85%) e paraolímpico (15%). Essa verba e o patrocínio da Caixa Econômica Federal permitem realizar anualmente oito circuitos de natação e atletismo. “É justamente nessas duas modalidades de esporte que está concentrado o maior número de medalhas brasileiras”, destaca Costa. Ou seja, onde há investimento, há resultado.

Até então posicionado como terceira força das Américas, o Brasil avançou, dessa vez, para o pódio do Parapan com desempenhos brilhantes. Clodoaldo Silva, o nadador vítima de paralisia cerebral, até quinta-feira 16 tinha garantido três medalhas de ouro e cinco recordes mundiais. “A gente gosta de dar o sangue, de quebrar recordes e expectativas”, diz. Além de ganhar medalha de ouro, o nadador André Brasil quebrou recorde mundial nos 100 metros livres. A vitória de Lucas Prado também ultrapassa os jogos das Américas: ele é recordista mundial na corrida de 100 metros. Entre as mulheres, Roseane dos Santos, no arremesso de peso, e Jenifer Santos, na corrida de 100 metros, também tiveram um desempenho dourado

Apesar dos êxitos, o Parapan serve como preparação para uma competição mais importante: “Estamos na escalada rumo à Paraolimpíada de Pequim”, diz o chefe da delegação. Na última Paraolimpíada, em Atenas, o Brasil ficou em 14º lugar no quadro de medalhas. “Se tudo der certo, vamos figurar, agora, entre os dez melhores.” O principal ganho do Parapan, porém, foi a visibilidade dada à inclusão e a lição que o atleta André Brasil soube resumir: “O ser humano não tem limites.”