DOHA, 7 Fev (Reuters) – O Hamas propôs um plano de cessar-fogo que acalmaria a situação em Gaza por quatro meses e meio, durante os quais todos os reféns seriam libertados, Israel retiraria suas tropas da Faixa de Gaza e se chegaria a um acordo sobre o fim da guerra.

A proposta do grupo militante – uma resposta a uma oferta enviada na semana passada por mediadores de Egito e Catar – é o maior esforço diplomático até o momento para uma interrupção prolongada dos combates e foi recebida com esperança e alívio na Faixa de Gaza.

Não houve resposta pública imediata de Israel, que tem afirmado que não retirará suas tropas de Gaza até que o Hamas seja eliminado.

De acordo com um documento preliminar visto pela Reuters, a contraproposta do Hamas prevê três fases na trégua, com duração de 45 dias cada. Os militantes trocariam os reféns israelenses restantes que capturaram em 7 de outubro por prisioneiros palestinos. A reconstrução de Gaza seria iniciada, as forças israelenses se retirariam completamente e corpos e restos mortais seriam trocados.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou durante a noite em Israel depois de se reunir com os líderes dos mediadores Catar e Egito, em uma tentativa de chegar a uma trégua prolongada.

Uma fonte próxima às negociações disse que a contraproposta do Hamas não exigia a garantia de um cessar-fogo permanente desde o início, mas que o fim da guerra teria que ser acordado durante a trégua, antes que os últimos reféns fossem libertados.

De acordo com o documento, durante a primeira fase de 45 dias, todas as mulheres israelenses reféns, os homens com menos de 19 anos e os idosos e doentes seriam libertados, em troca da libertação de mulheres e crianças palestinas das prisões israelenses. Israel também retiraria suas tropas das áreas povoadas durante a primeira fase.

A implementação da segunda fase não começaria até que as partes concluíssem “conversas indiretas sobre os requisitos necessários para encerrar as operações militares mútuas e retornar à calma total”.

A segunda fase incluiria a libertação dos reféns masculinos restantes e “a retirada das forças israelenses para fora das fronteiras de todas as áreas da Faixa de Gaza”.

Corpos e restos mortais seriam trocados durante a terceira fase. A trégua também aumentaria o fluxo de alimentos e outros tipos de ajuda para os civis desesperados de Gaza, que estão enfrentando fome e escassez terrível de suprimentos básicos.

“As pessoas estão otimistas e, ao mesmo tempo, rezam para que essa esperança se transforme em um acordo real que acabe com a guerra”, disse Yamen Hamad, pai de quatro filhos, que vive em uma escola da ONU em Deir Al-Balah, na região central da Faixa de Gaza.

“As pessoas estão aguardando notícias de um cessar-fogo, elas estão um pouco esperançosas, apesar do bombardeio contínuo”, afirmou ele à Reuters por meio de um aplicativo de mensagens.

Israel iniciou sua ofensiva militar em Gaza depois que militantes da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, mataram 1.200 pessoas e fizeram 253 reféns no sul de Israel em 7 de outubro. O Ministério da Saúde de Gaza diz que pelo menos 27.585 palestinos foram confirmados como mortos na campanha militar de Israel, com milhares de outros podendo estar sob escombros. Até o momento, a única trégua durou apenas uma semana, no final de novembro.

(Por Nidal al-Mughrabi, Samia Nakhoul, Andrew Mills e Humeyra Pamuk)