As eleições gerais na República Democrática do Congo (RDC), consideradas de alto risco, começaram nesta quarta-feira (20), um pleito em que presidente, Félix Tshisekedi, enfrenta uma oposição fragmentada, em um clima político e de segurança muito tenso.

Os centros de votação abriram às 6H00 (1H00 de Brasília) e devem fechar às 17H00 (12H00 de Brasília), mas atrasos foram observados em diversos pontos

Quase 44 milhões de pessoas estão registradas para votar nas eleições presidenciais deste país de 100 milhões de habitantes. Também serão eleitos parlamentares nacionais e provinciais.

Os resultados só devem ser divulgados após alguns dias.

Um homem com idade por volta de 30 anos, que estava há quase três horas na fila para votar na cidade de Goma, leste do país, declarou à AFP que estava perdendo a paciência. “Estamos cansados. Aqui é sempre um desastre”, disse.

A organização das eleições foi muito afetada por vários problemas logísticos. A Comissão Eleitoral enfrentou dificuldades pare enviar as cédulas em tempo hábil para milhares de centros de votação.

Na capital, Kinshasa, os centros de votação abriram com atraso, às 9H00.

“Eu cheguei às 5H00, estou cansada”, declarou Germaine Kikongo, funcionária pública de 67 anos, entrevistada em um local de votação do distrito de Lingwala, na capital, às 8H00.

Caso as pessoas ainda estejam na fila às 17h00, elas poderão votar, confirmou à AFP um diretor da Comissão Eleitoral.

O governo decretou feriado nesta quarta-feira e fechou as fronteiras do país. Também determinou a suspensão dos voos domésticos, como já havia acontecido nas eleições anteriores.

O processo de votação é supervisionado por várias missões: a principal delas é coordenada por um grupo das igrejas católica e protestante, que mobilizaram 25.000 observadores.

Os diretores desta missão influente prometeram organizar uma “apuração paralela” das eleições presidenciais.

– “Candidatos estrangeiros” –

Na eleição de apenas um turno, o presidente Tshisekedi, de 60 anos e no poder desde 2019, aspira um segundo mandato em uma disputa contra 18 candidatos.

Ele reconhece que seu legado é díspar, mas pede mais cinco anos no poder para “consolidar as conquistas”.

Durante a campanha, Tshisekedi criticou os rivais, que chamou de “candidatos estrangeiros”, sugerindo que seus adversários serviriam a interesses externos e não teriam coragem para enfrentar Ruanda, que a República Democrática do Congo acusa de financiar grupos rebeldes presentes no seu território.

Moise Katumbi, um empresário de 58 anos e ex-governador da província de Katanga, rica em recursos minerais, é o principal alvo dos ataques.

A campanha foi ofuscada pela situação precária de segurança no leste do país, onde a violência de grupos armados iniciada em meados da década de 1990 atingiu o ponto de maior tensão nos últimos dois anos, com o avanço da rebelião M23, apoiada por Ruanda.

Martin Fayulu, ex-executivo do setor de petróleo, 67 anos, que alega ter sido o verdadeiro vencedor das eleições de 2018, quando Tshisekedi chegou ao poder, é um dos aspirantes à presidência.

O ginecologista Denis Mukwege, 68 anos, vencedor do Nobel da Paz em 2018 por seu trabalho para ajudar as vítimas de estupro, também é candidato à presidência.

Os principais candidatos da oposição acusaram o governo de planejar uma fraude eleitoral.

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