Abel Ferreira ativou novamente o modo sincero durante uma entrevista coletiva, desta vez após a derrota por 2 a 1 para o Santos na Arena Barueri, pela 26ª rodada. O treinador do Palmeiras mostrou-se incomodado com os resultados recentes e falou sobre a cobrança que há em cima do elenco, principalmente após a eliminação para o Boca Juniors na última quinta-feira, na semifinal da Copa Libertadores. O resultado deste domingo foi a terceira derrota consecutiva do clube no Campeonato Brasileiro.
“Eu sei que vocês querem explicações para tudo, mas tem coisas que eu não sei dizer. Por que o (Flaco) López passou a bola para o lado e não assumiu a responsabilidade (de finalizar)? São as decisões dos jogadores… e nós estamos aqui para assumir a responsabilidade deles, porque sou eu que os escolho”, disse Abel.
Em mais de uma vez na entrevista, o treinador deixou transparecer seu incômodo com o lance de Flaco López aos 44 minutos do segundo tempo. O argentino saiu frente a frente com João Paulo e, ao invés de finalizar, preferiu o passe para o companheiro que estava ao lado, impedido. Apesar do erro individual do atacante, a cobrança da torcida também caiu em cima do técnico português, que já defendeu o jogador em mais de uma oportunidade durante a temporada. As críticas generalizadas estão incomodando Abel.
“Tem torcedores que amam o Palmeiras, mas tem outros que só amam ganhar. E, desde o primeiro dia que cheguei aqui, eu disse que não iria prometer nada. Mesmo assim, no dia de hoje, parece que tudo que foi feito não é o suficiente. Que somos todos uma porcaria. E cada um de nós tem que fazer a sua reflexão: é isso que eu quero para mim ou não? Só vão bater nas minhas costas quando eu ganhar?”, disparou o técnico.
Em 2023, o Palmeiras foi campeão da Supercopa do Brasil em cima do Flamengo e do Campeonato Paulista, mas amargou eliminações para o São Paulo nas quartas de final da Copa do Brasil e recentemente para o Boca Junior na semifinal da Libertadores. Resta na temporada a disputa pelo Campeonato Brasileiro, mas a derrota para o Santos manteve o clube com 44 pontos e permitiu ao líder Botafogo abrir 11 pontos do alviverde – a briga neste momento é por uma vaga direta na próxima Libertadores.
“Há sinais que têm que ser lidos. O ‘todos somos um’ não é mais assim que eu vejo. Tenho certeza que todos que estão no clube fazem o melhor que podem e sabem para ajudar. Isso eu tenho certeza. […] Mas os nossos adversários têm que ser o Boca, o Santos, o Flamengo, o Corinthians. Tem que ser os outros, de fora. Mas há coisas que eu não controlo. Eu sou apenas o treinador”, disparou Abel Ferreira, que continuou: “Temos alguém dentro do clube que passa todas as informações para fora, portanto aquela blindagem, que nós tínhamos no passado, deixamos de ter”.
Abel também aproveitou para falar sobre o elenco do Palmeiras, tópico que está sempre em discussão entre os torcedores. O português revelou que as mudanças no grupo passam também por situações extracampo, algumas muito sérias, que por vezes não chegam ao conhecimento da torcida e da imprensa. Ainda assim, deixou claro que confia nas escolhas de reposição, exaltando principalmente a base: Endrick, Kevin e Fabinho.
“Se vocês prestarem atenção de como era o elenco no começo do ano e como ele está hoje. Saíram Jorge, Kusevic, Wesley, Danilo, Scarpa, Merentiel, Veron, Tabata e Navarro. Alguns saíram porque não aguentaram a pressão de jogar no Palmeiras. Eles vieram e disseram: ‘professor, eu não quero jogar mais aqui’ e eu tenho que entender. ‘Eu tenho minha família ameaçada’, quando o jogador vem me falar isso eu tenho que entender. Porque o futebol não é isso. E nós temos que fazer coisas que vocês não entendem”.
“E nós fizemos a reposição. O Kevin vem aos pouquinhos ganhando espaço. Fez hoje um primeiro tempo muito bom e é isso que nós queremos. E aos poucos eu vou dizendo: quando eu sentir que os jogadores estão preparados eles vão entrar e vão jogar. Como é o Endrick, o Fabinho, o Jhonatan”, finalizou Abel Ferreira.