As imagens do discurso vitorioso de Recep Tayyip Erdogan ainda estavam espocando pela internet quando chegou a notícia do premiê espanhol dissolvendo o parlamento e convocando novas eleições gerais em 23 de julho. É muita euforia para alguns dos pontos mais extremos da direita mundial.
Na eleição mais acirrada que disputou desde que assumiu o poder, há 20 anos, Erdogan precisou de um inédito segundo turno em sua trajetória como líder na Turquia, conquistando a vitória com 52% dos votos, diante de 47,8% de seu rival, Kemal Kilicdaroglu. Sua permanência no poder até 208 foi garantida pela união de votos conservadores e religiosos, uma cominação que também se fez notar nas eleições regionais espanholas. O premiê Pedro Sánchez viu sua legenda, o Partido Socialista Obreiro Espanhol, levar uma surra brutal nas urnas, perdendo controle da imensa maioria do território para o conservador Partido Popular. Alinhado a forças menores de extrema-direita, o PP assumiu à frente de sets das maiores cidades do país, incluindo a capital, Madri. O recurso usado por Sánchez é previsto na Constituição espanhola e, traduzindo para o popular, é praticamente um pedido de demissão do cargo. Difícil acreditar que até julho o quadro de votação visto no pleito regional tenha uma alteração significativas, e assim o movimento do premiê ganha ares de gesto movido por um certo desespero.
Esses ventos direcionados à direita podem servir de alerta para outros países. Notadamente para aqueles que tiveram vitórias recentes no sentido oposto do embate político. Para Lula, claro, que enfrenta dificuldade para governar com um Congresso de forte alma bolsonarista. E, principalmente, para Joe Biden. O atual presidente americano já teve problemas com a eleição parlamentar do meio do mandato, e se depara com pesquisas apontando o agora processado Donald Trump liderando a intenção de votos. Se Trump ficar pelo caminho, tornando inelegível, os republicanos têm o governador da Flórida, Ron DeSantis, como seu plano B. Ele tem estofo para brigar com Biden, embora só será percebida toda a sua força quando as pesquisas passarem a contemplar um cenário sem Trump no páreo.
É necessário acompanhar a continuação dessa queda de braço mundial entre os dois extremos.