O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu, nesta quinta-feira (25), que o Brasil “não vai ceder” na discussão sobre as compras governamentais nas negociações para avançar no acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

“Não vamos ceder as compras governamentais, porque a gente vai matar a possibilidade do crescimento da pequena e média empresa brasileira”, disse o presidente em um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) por ocasião do Dia da Indústria.

Por causa dessa resistência, “a gente vai demorar um pouco mais em fechar o acordo […], mas, da mesma forma que a França defende […] os seus produtos agrícolas, nós vamos defender a pequena indústria”, afirmou Lula, recebendo aplausos dos empresários.

Essas declarações chegam após a visita, na semana passada, de uma delegação com 15 parlamentares europeus a fim de aproximar vontades e fechar o acordo celebrado e estagnado desde 2019, devido às políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, consideradas contrárias ao meio ambiente pela UE.

Após assumir seu terceiro mandato, Lula descongelou as conversas e tem manifestado sua intenção de concluir o acordo ainda este ano, quando o Brasil assumir a presidência rotativa do bloco que também reúne Argentina, Uruguai e Paraguai.

Já do lado da UE, a liderança do bloco ficará nas mãos da Espanha, que também está interessada em concluir o acordo.

Mas ainda é preciso aparar muitas arestas, como é o caso das compras governamentais.

O acordo entre os blocos comerciais permitiria às empresas da UE e do Mercosul participar de licitações para compras do setor público em iguais condições com as empresas locais. Mas há exceções que, no caso do Brasil, incluem alimentos e produtos de saúde e defesa.

“A gente não vai abrir mão” no caso das compras governamentais porque elas são “um instrumento de política industrial”, assinalou Lula.

A União Europeia também tem dado ênfase na proteção do meio ambiente como condição para avançar no acordo. Particularmente sobre o cumprimento de uma norma interna que proíbe a entrada de produtos procedentes de áreas desmatadas.

Recentemente, ao falar sobre as condições da UE para avançar no acordo, o chanceler Mauro Vieira se queixou de uma “legislação ambiental europeia extremamente rígida e complexa de verificação”.

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