O Congresso Nacional deu início os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro nesta quinta-feira (25). O deputado Arthur Maia (União-BA) foi eleito presidente, e os senadores Cid Gomes (PDT-CE) e Magno Malta (PL-ES) eleitos vice-presidentes; a relatora da CPMI será Eliziane Gama (PSD-MA). A reunião é presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), e a Comissão que terá 180 dias para investigar as ações antidemocráticas ocorridas em Brasília.
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- “Quero agradecer a confiança de todos os meus pares, deputados e senadores que através deste acordo promovido pela inteligência política do governo e partidos, conseguiu construir uma chapa a dar credibilidade aos trabalhos que temos pela frente”, disse Maia.
Nomeada relatora, Eliziane Gama é interrompida em sua fala. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) interviu. “Presidente será que poderíamos garantir que todos pudéssemos ouvir a única mulher sentada a mesa?”, disse.
- “Me enche de honra, mas muita responsabilidade, pelo foco da investigação dessa CPI, que é um dos atos mais terríveis da história brasileira. Nem nos momentos mais terríveis da ditadura vimos o que vimos no dia 8 de janeiro”, disse Gama.
Membros titulares da Comissão se manifestam;
- “Não me parece conveniente a senadora relatora antecipar qualquer tipo de pré julgamento antes das investigações. Espero que a condução das investigações sejam feita da maneira mais isenta possível. Nós, oposição, sempre quisemos essa CPMI, nunca negamos essa investigação. Ao contrário do governo, que distribuiu recursos de orçamento secreto, que ‘fez o diabo’ para essa CPI não acontecer”, atacou o deputado da oposição Felipe Barros (PL-PR).
A palavra foi dada para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB- RJ), que se solidarizou com a Eliziane Gama, reforçando confiança na nomeação da relatora.
- “O que aconteceu no dia 8 de janeiro foi algo planejado, estruturado, construído para invadir os Três Poderes da República. (…) É algo grave de atentado contra a democracia brasileira. Essa tentativa de golpe não pode passar impune, e sem aprofundamento intenso na apuração”, defendeu a deputada.
Marcos Feliciano (PL-SP) chamou o senador Magno Malta de herói e coloquei em xeque o golpe.
- “Golpe que aconteceu sem coturno, sem arma de fogo, golpe sem tanque de guerra. Vocês acabam com a vida das pessoas assim. Não vamos rotular essas pessoas de terroristas”, disse.
A deputada Duda Salambert (PDT-MG) afirmou que pessoas que atuaram no dia 8 de janeiro participaram de campanhas eleitorais de parlamentares de Minas Gerais.
- “Presos no dia 8 de janeiro foram peixes pequenos; precisamos chegar nos ‘tubarões’, que são os mandates, articuladores e financiadores. Pessoas que atuaram ou financiando campanhas de parlamentares que estão aqui agora”, declarou.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) questionou de parlamentares sobre quem estava no dia 8 de janeiro.
- “Há relatos de que houve infiltrados, pessoas filiadas aos partidos de esquerda que estavam na Praça dos Três Poderes. Essas pessoas merecem largadas e trancadas?”, questionou Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Interrompida diversas vezes na reunião, Eliziane Gama disse que não será intimidada.
- “Não estou aqui para agradar ou desagradar ninguém. Estou aqui para fazer meu papel. Independente de quem quer que seja, meu papel como relatora vai ocorrer. Posso até ser doce, mas sei ser dura também”, afirmou.
Marcos do Val (Podemos-ES) questionou a relatoria por Eliziane Gama.
- “Seria interessante a escolha de outra mulher, por conta da parcialidade de Eliziane Gama com o ministro Flávio Dino”, declarou, afirmando que tentará recurso no Supremo para troca a relatora da CPMI.
Nikolas Ferreira (PL-MG), suplente na CPMI, defendeu que os golpistas na porta dos quartéis estavam ali de forma pacífica, chamando-os de patriotas. Ele comparou a ocorrido com o apoio de militantes na época em que o presidente da República esteve preso.
- “Foram vocês que levantaram 5 narrativas no primeiro dia de CPMI. Quando nos acusam de fazer tumulto, ficaram nos chamando de genocidas, fascistas, homofóbicos, e dizem para não causarmos tumulto”, falou.
O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) destacou que há conduta parlamentar para dar luz a investigação sobre os atos antidemocráticos, e defendeu esforço da legenda em pedir CPI sobre a tentativa de golpe. O parlamentar enfatizou que houve críticas ao governo sobre não levar adiante a investigação.
- “Nossa democracia é planta frágil, volta e meia golpeada, e sempre houve participação ou tutela militar, o que depõe contra as Forças Armadas”, afirmou, relembrando que há defesa de tortura, ataque a direitos humanos e pedidos de intervenção militar.
A próxima reunião da CPMI ocorrerá no dia 1 de junho, 9h da manhã.