Nova determinação da CBF sobre imposto na venda de ingressos reduz faturamento dos clubes

Nova determinação da CBF sobre imposto na venda de ingressos reduz faturamento dos clubes

Aprovado em reunião realizada no dia 14 de fevereiro, o novo Regimento Geral de Competições (RGC) impôs aos clubes participantes das disputas nacionais organizadas pela CBF um custo extra, não previsto no orçamento inicial para a temporada 2023 e cujo impacto só foi percebido semanas após sua determinação, através de conversas entre os executivos e diretorias dos principais clubes do Brasil, quando as contas começaram a ser feitas. Na prática, com a nova lei, os clubes estão deixando de arrecadar.

A nova regra impõe custos aos clubes. Assim como já acontecia no Rio, a CBF passou a desconsiderar, para fins de relatório financeiro e cobrança de taxas, o valor de qualquer desconto de ingressos que ultrapasse o preço da meia-entrada, o que impactará diretamente no faturamento dos times com bilheteria ao longo do ano, principalmente para os clubes que oferecem grandes descontos em seus programas de sócio-torcedor, como Vasco, Flamengo, Palmeiras, Internacional, Grêmio, Bahia e outros da Série A do Campeonato Brasileiro.

A determinação vale para todos os jogos das competições organizadas pela CBF. Caso o regulamento se mantenha (os clubes pedem uma revisão da nova regra), as agremiações serão obrigadas a rever seus programas com a torcida. Em outras palavras, os descontos oferecidos serão menores.

Um exemplo disso – e preocupação para os presidentes de clubes – aconteceu na recente partida em que o Vasco atuou como mandante, em São Januário, pela Copa do Brasil. Apesar de ter arrecadado a maior renda em bilheteria dos últimos cinco anos no duelo com o ABC, pela segunda fase da competição, o time carioca teve resultado líquido negativo.

Da renda bruta de R$ 1.090.015,00, após se considerar uma diferença entre a renda publicada e a renda real auferida superior a R$ 600 mil, mais os pagamentos feitos ao ABC baseados na renda “simulada” da CBF, o saldo final da partida ficou em R$ 288.906,53 negativos – valor somatório da renda real obtida, menos os custos operacionais e valor pago ao ABC (divisão de renda nessa etapa do torneio).

Isso ocorre porque, pelo novo regulamento, a diferença do valor a ser pago terá de constar no borderô dos jogos, aumentando a renda bruta e, consequentemente, a taxa de 5% para a federação local e mais 5% ao INSS, ambas incidindo sobre a arrecadação da bilheteria. Portanto, os clubes que possuem em seus planos de sócio-torcedor categorias com descontos acima de 50% no valor do preço comum dos ingressos terão de pagar a diferença de cada bilhete retirado no valor promocional. Até meia entrada, fica como sempre foi. Com descontos maiores de 50%, os clubes terão de arcar com as taxas dos impostos.

Vasco, Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Internacional e Bahia, que chegam a oferecer descontos de até 100% nas principais categorias de seus planos através do sistema de check-ins, terão de acrescer no borderô das partidas em que forem mandantes metade do valor de cada ingresso que não estão sendo cobrados.

“Desde o ano passado, realizamos estudos acerca de todas as nossas áreas e produtos. Os estudos do Programa Sócio Gigante mostraram que algumas regras de negócio presentes nos planos atuais não convergem com esse novo momento. O Regimento da CBF veio para validar ainda mais o nosso estudo. Nós vamos subsidiar esses descontos e estamos adequando nossos produtos para sofrermos o menor impacto possível. É importante salientar que os planos atuais continuarão válidos, respeitando o prazo de contratação pelo torcedor”, disse Caetano Marcelino, diretor comercial do Vasco. Isso quer dizer que o clube vai rever sua oferta, de modo a parar a sangria depois do novo imposto da CBF. O que a entidade regulamentou é o desconto da carga total dos ingressos pelo valor que eles são cobrados.

O tema passou a ser discutido de maneira mais aprofundada pelos clubes semanas após a aprovação do Regimento, quando os executivos do futebol passaram a fazer contas e constataram que, no fechamento do exercício anual, a queda na arrecadação de alguns poderá chegar a até R$ 10 milhões. Por isso, estudam um jeito de pressionar a CBF a mudar o regulamento. Novas discussões serão chamadas entre as partes. Vale lembrar que neste mês a Copa do Brasil entra em seu terceira fase, com a participação de todos os 32 clubes ainda vivos na disputa, e o Campeonato Brasileiro faz também seu primeira rodada.