SÃO PAULO (Reuters) -Membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que estavam em fazendas da Suzano na Bahia desde a semana passada saíram das terras nesta terça-feira após decisões judiciais de reintegração de posse, segundo informações do movimento e da fabricante de celulose.
O MST disse que as famílias deixaram pela manhã a área da Suzano em Mucuri e depois as fazendas nas cidades de Teixeira de Freitas e Caravelas. A Suzano confirmou a saída do MST dos terrenos.
“Estamos conduzindo uma apuração dos prejuízos causados”, disse a empresa em nota.
A reintegração de posse ocorreu de forma “pacífica” e foi acompanhada pela assistência social, policiais militares e seguranças da empresa, segundo o MST.
A saída ocorre após a empresa conseguir nos últimos dias na Justiça ordens de reintegração de posse das três áreas.
O MST adentrou as três fazendas de eucalipto da Suzano no início da semana passada. A empresa afirmou que as áreas “foram invadidas e danificadas ilegalmente” em atos que “violam o direito à propriedade privada”. Já o movimento afirmou que a ocupação deve-se ao descumprimento pela Suzano de um acordo existente há mais de 10 anos para a cessão de terras a 650 famílias da entidade. A companhia nega que tenha descumprido acordo.
O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, disse na última quinta-feira que a pasta mediaria o conflito entre a Suzano e o MST após ter sido procurado por executivo da empresa de celulose.
À Reuters, Eliane Oliveira, dirigente do MST na Bahia, disse na sexta-feira que a decisão do movimento era de não sair das fazendas. Segundo ela, o MST iria “aguardar a reintegração”.
As pessoas que deixaram as fazendas irão para acampamentos vizinhos, segundo o MST. Anteriormente, o movimento falou que 1.700 famílias participaram da ação.
O MST disse ainda que as famílias “aguardam com expectativa” uma reunião na quarta-feira a ser mediada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário com representantes da Suzano, movimento dos sem-terra, governo federal e governo estadual, às 14h, em Brasília, de acordo com o movimento.
Em sua conta no Twitter, Teixeira confirmou que se encontrará com o MST e a empresa na quarta-feira.
(Por André RomaniEdição de Flávia Marreiro e Pedro Fonseca)