Luanda Pires, que é advogada e atua como diretora de Políticas Públicas da organização não governamental “Me Too”, foi ameaçada de morte por conta do seu trabalho. Ela recebeu um e-mail anônimo, em dezembro de 2021, no qual informava que um dos agressores denunciados pela ONG estava querendo atentar contra a sua vida.

A ONG Me Too foi criada há dois anos e já atuou em mais de 250 casos de violência sexual contra mulheres no Brasil.

Luanda afirmou, em à IstoÉ, que procura acompanhar todos os casos defendidos pela ONG. Alguns mais diretamente do que outros.

Então, em dezembro, recebeu o recado de que um dos acusados de violência sexual em um dos casos acompanhados pela organização estava “querendo te matar e vendo meios para isso”. Imediatamente, Luanda registrou um boletim de ocorrência e passou a andar com um segurança particular.

Contudo, no dia 29 de dezembro de 2022, Luanda foi abordada por uma mulher quando estava saindo de um mercado, localizado na zona Sul de São Paulo, e foi informada de que três homens tinham mexido no seu carro.

Ela observou que nada havia sido levado. O seu segurança particular solicitou as imagens das câmeras de segurança do supermercado e de locais próximos para verificar a ação dos homens.

Depois, ele descobriu que havia um chip dentro do carro de Luanda. Suspeitando de que poderia se tratar de um rastreador, ela levou o objeto para a polícia.

Ao ser questionada pela IstoÉ se era realmente um rastreador, Luanda afirmou que não pode fornecer muitas informações sobre o inquérito, porque ele corre em sigilo.

Após o susto com o objeto em seu carro, ela acionou a Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, que acompanha o caso de perto.

“Além disso, conto com o auxílio do Instituto Marielle Franco sobre os protocolos de segurança”, disse.

Luanda ressaltou que essa ameaça não a inibiu de continuar com o seu trabalho. “Isso mostra que nós, da ONG Me Too, também somos vítimas da mesma violência misógina. Também encaro isso de uma forma positiva, porque, se tem um agressor querendo nos parar, significa que uma vítima conseguiu a reparação judicial que procurava”, finalizou.

O que diz a ONG Me Too?

A ONG Me Too divulgou uma nota pública na qual repudiou as ameaças sofridas por Luanda.

“É absurdo, revoltante e aterrorizante que as defensoras de mulheres sejam atingidas pela mesma violência machista e misógina que acomete as vítimas”, afirmou. “O Me Too Brasil segue acompanhando o caso com grande preocupação e reforça a importância de se buscar a garantia real de segurança das defensoras das mulheres”, concluiu.