Passar muito tempo em casa, com ou sem parceiro romântico, mexeu com a forma como as pessoas lidam com sexo. Não à toa, o mercado de produtos eróticos cresceu significativamente em 2020 e 2021, anos marcados pelo contágio acentuado de Covid-19. E o cenário, depois do período mais grave da pandemia, continua positivo para empresas que atuam no segmento.
A Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) estima que o setor cresça, em média, 5% ao ano até 2027. O faturamento no ano passado, ainda bastante marcado pelo confinamento, teve alta de 12%.
“Assim como outros segmentos, o setor erótico precisou se adaptar durante a pandemia. A saída foi ampliar as vendas por meio das plataformas digitais. Contudo, devido às características do setor, percebeu-se que a internet foi uma forte aliada dos produtos sensuais”, avalia Kel Ferreti, influencer, empresário e especialista em vendas online.
Segundo Ferrati, entrar em um sex shop e adquirir um produto erótico ainda são comportamentos que muitas pessoas evitam, mesmo tendo interesse pelos itens disponíveis.
“Ou por timidez ou por medo do julgamento das outras pessoas, é fato que boa parte dos consumidores pensa duas vezes antes de fazer compras em um sex shop”, destaca.
Nesse sentido, o comércio eletrônico se mostrou uma via bastante interessante para as empresas que vendem produtos eróticos e sensuais. Ainda que as vendas em lojas físicas se sobressaiam, as transações digitais respondem por aproximadamente 33% do total do setor, percentual consideravelmente superior à média do varejo digital no Brasil (10%).
Além disso, Ferrati ressalta que o público mais jovem, mais acostumado a usar a internet, também tem uma mentalidade mais aberta no que diz respeito à atividade sexual.
“Os jovens adultos de hoje são os adolescentes que viram a internet e as redes sociais se consolidarem. Essa geração também costuma falar de forma mais franca sobre seus desejos e medos. Então, para eles, o tabu do sexo não é tão difícil de derrubar”, reflete.
Para Ferrati, como mais pessoas compraram produtos eróticos nos anos mais nocivos da pandemia, o comportamento foi se espalhando, até conquistar parte dos consumidores mais refratários.
“Esteja solteiro ou em relacionamento sério, todos querem sentir prazer. À medida que o preconceito cai, o setor tende a crescer ainda mais”, pontua o influencer.