Há muito tempo eu bato na tecla de que os golpistas bolsonaristas, travestidos de manifestantes pacíficos, não passam de criminosos, devidamente tipificados na forma da Lei, pelo artigo 359-M do Código Penal, acrescido pela Lei 14.197, de 1º de setembro de 2021, por tentarem, por meio de violência ou grave ameaça, depor governo legitimamente constituído. Mas não só. O artigo 359-L do Código Penal criminaliza a tentativa de se abolir o Estado Democrático de Direito. Ou seja, por que diabos, então, essa gentalha toda não está na cadeia há meses, senão anos?

Pergunto ao leitor amigo: assaltar banco é crime? Dirigir bêbado e matar alguém ao volante é crime? Bem, salvo um louco, ou extraterrestre para quem os bolsominions enviavam sinais luminosos às portas dos quartéis, dirá que sim; é crime. Quem falou, onde está escrito? No Código Penal, ora bolas! Sendo assim, está certíssimo o ministro Alexandre de Moraes ao mandar trancafiar os idiotas úteis a serviço do bolsonarismo de internet (aquele que estimula violência, ódio e golpe, do conforto de seus sofás, e também de Orlando, na Flórida, Estados Unidos).

Certos fatos ocorridos domingo passado, em Brasília, são simplesmente incontestáveis. Fotos, imagens e até mesmo confissões de crimes, postadas nas redes sociais, há aos borbotões. É fato que houve flagrante omissão do secretário de segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, que se mandou de férias para os EUA. Houve patente colaboração da Polícia Militar do DF com os terroristas (há vídeos mostrando os policiais escoltando-os até a Praça dos Três Poderes, fazendo “selfies”, tomando água de coco e gargalhando diante das invasões e do quebra-quebra).

O que houve em Brasília foi muito grave. Estamos falando de democracia, de liberdade, do futuro do País. Eu sinto muito dizer, mas essas pessoas são criminosas, sim. Pedir golpe de estado, conforme amplamente demonstrado e comprovado, é crime. Pacificamente, ou não, é crime! Até porque, não há maneira pacífica de se depor um presidente eleito por 52 milhões de eleitores, senão na base do tiro, porrada e bomba. Não dá para relativizar, não dá para passar pano, não dá para anistiar, não. E pouco importa se o tonto foi mandante, financiador ou baderneiro.

O Felipe Nunes, querido amigo do excelente Instituto Quaest, de Belo Horizonte, me falava, dias atrás, sobre o Paradoxo da Tolerância, apontado pelo filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994) em seu brilhante livro The Open Society and Its Enemies (1945), que dizia o seguinte: “A tolerância ilimitada leva à intolerância”. Perfeito! Se eu tolero, por exemplo, um bando de selvagens não tolerando pretos, ou judeus, ou homossexuais, enfim, eu acabo estimulando a própria intolerância, vocês percebem? Não foi à toa que um tal Rousseau, em 1762, inventou um troço chamado “contrato social”.

Neste sentido, o Xandão mandou bem demais na decisão que afastou o governador do Distrito Federal por 90 dias quando fundamentou: “A democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil política de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler”. E prosseguiu o “cabeça de ovo”: “Como ensinava Winston Churchill, um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”. É isso! Assino embaixo e não mexo em uma vírgula.