O Corinthians será dono de 100% da Neo Química Arena. O clube paulista já avisou na quinta-feira ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que está concluindo a negociação para comprar as partes da Odebrecht e da Jequitibá Patrimonial e assumir inteiramente o estádio. A informação foi publicada inicialmente por Lauro Jardim, colunista de O Globo, e confirmada pelo Estadão.

Há duas semanas, o clube assinou acordo com a Caixa Econômica Federal e a Odebrecht para a quitação do empréstimo realizado para a construção da Neo Química Arena. A dívida é de R$ 611 milhões e será paga em 20 anos. Segundo apurou a reportagem, o acordo permite que o estádio seja 100% do Corinthians.

O clube conseguiu todas as aprovações e agora depende de prazos da Justiça para a homologação da recuperação judicial da Odebrecht. A agremiação, cabe lembrar, não tem controle ou gerência sobre esses prazos.

O Corinthians, inicialmente, começaria a pagar já em 2022, mas, com o novo acordo, dará início ao pagamento dos juros apenas em janeiro do ano que vem. A partir de 2025, passará a pagar também o principal emprestado pelo banco estatal.

Parte da dívida será abatida com os R$ 300 milhões provenientes da venda dos naming rights à Hypera Pharma, que batizou o estádio de Neo Química Arena, e os outros R$ 311 milhões serão pagos em parcelas de aproximadamente R$ 16 milhões. Os valores são atualizados de acordo com o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).

O acordo foi avaliado como muito vantajoso pelos conselheiros corintianos, já que antes toda a renda era destinada para a Caixa e o clube ficava sem receitas para contratações, o que elevou a dívida em quase um bilhão.

Serão quase três décadas da assinatura do acordo para o empréstimo de R$ 400 milhões, feito em 2013, até o último ano estipulado do parcelamento, em 2041.

A Odebrecht foi quem pagou toda a conta do estádio, que inicialmente estava orçado em R$ 820 milhões. Os custos passaram a R$ 985 milhões quando a arena foi definida como palco de abertura da Copa do Mundo de 2014. Com a correção para os dias de hoje, passou a custar algo em torno de R$ 1,6 bilhão.

HISTÓRIA DA ‘casa DO POVO’

Inaugurada em maio 2014 com o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 entre Brasil e Croácia, a Neo Química Arena recebeu, até hoje, 278 partidas do Corinthians em pouco mais de oito anos. São 174 vitórias, 77 empates e 37 derrotas do time alvinegro. O artilheiro do estádio é o centroavante Jô, que rescindiu seu vínculo com o clube recentemente. Ele balançou as redes 30 vezes.

A arena tem média de público de 32 mil torcedores por jogo em 2022. O recorde em partida do time alvinegro aconteceu na decisão do Paulistão de 2019, quando 46.481 corintianos assistiram ao triunfo por 2 a 1 sobre o São Paulo que rendeu ao time a taça do Estadual.

O recorde total, no entanto, foi registrado na semifinal da Copa do Mundo de 2014, no duelo entre Holanda e Argentina, ocasião em que 63.267 torcedores viram os argentinos se classificarem à final com vitória nos pênaltis. Esse número não pode ser batido, já que a arena contava com duas arquibancadas provisórias que aumentaram sua capacidade de público para receber os seis jogos daquele Mundial.

O acordo para os naming rights da arena o Corinthians só fechou em setembro de 2020, seis anos depois da inauguração do estádio em Itaquera. Foi assinado um contrato de R$ 300 milhões pela concessão do nome da arena pelos próximos 20 anos com a Hypera Pharma, mudando o nome da casa alvinegra para Neo Química Arena, em referência à marca Neo Química, pertencente ao conglomerado farmacêutico.