Chega! O saco encheu! Não dá mais! É insuportável conviver, quase todos os dias, com casos explícitos de racismo. Em jogos de futebol, restaurantes, transportes públicos, lojas, shoppings… dia sim, outro também, aparecem vagabundos selvagens, hostilizando as pessoas porque estas têm a pele preta. Bando de filhos da truta, isso sim!
O pior, mas o pior mesmo, é o racismo que não aparece. O racismo ‘oculto’ com os pretos e pobres que não têm nome nem sobrenome famoso, muito menos conta em banco. São eles, muito mais do que os outros, as grandes vítimas dessa cretinice toda. São os milhares de negros espancados e mortos diaraiamente no Brasil e no mundo.
Eu não sei se estamos prestando mais a atenção ou se, com o advento da internet, dos smartphones e das redes sociais tudo tem se potencializado bastante e ganhado uma velocidade e dinamismo supersônicos, mas me parece que a situação tem piorado sobremaneira nos últimos, sei lá, dois ou três anos. Ao menos em Banânia.
O brasileiro, que é o que me cabe analisar aqui, e falo obviamente do brasileiro preto e pobre, ou seja, a maioria absoluta do país, tem sido alvo constante não apenas do tal – e real – racismo estrutural, mas, cada vez mais, do racismo explícito. Como exemplo, os jogos da Libertadores da América, onde torcedores argentinos imitam macacos.
No Mineirão, em Belo Horizonte, ano passado, um segurança foi humilhado por dois brancos de forma absolutamente cruel. Os nojentos passavam a mão na pele e diziam para o rapaz (negro): ‘olha a sua cor, você é preto’. Acreditem, mas processados, ambos foram inocentados pela Justiça mineira: ‘os réus agiram sob justificável ira’, alegou o juiz.
Sim, para o magistrado (branco) chamar de macaco é apenas ira, e não um crime nojento que merece punição severa. Eis a contribuição do judiciário para o combate ao racismo. Aliás, como não lembrar do chefe do executivo, o presidente da República Jair Bolsonaro, que comparou um rapaz negro a gado de corte e disse que não servia nem para procriar?
Apesar de representarem cerca de 54% da população brasileira, os negros mortos em confrontos com a polícia carioca, por exemplo, somam 84%. Na média nacional, a polícia mata 2.8 vezes mais negros do que brancos. Se isso é apenas mera coincidência, então coincidências não existem. Na boa… os pretos morrem como moscas por aqui.
O caso mais recente, envolvendo a atriz Giovanna Ewbank e seus dois filhos adotivos negros, reacendeu a questão. O crime ocorreu em Portugal e ganhou as páginas dos sites brasileiros. Mas muito bem lembrou a própria mãe: ‘e se eu não fosse branca e famosa’? Respondo: ninguém estaria preocupado, como ocorre diariamente, sei lá quantas vezes.
Eu sou branco, tenho olhos azuis e faço parte dos 10% mais ricos do Brasil. Ou seja, sou extremamente favorecido e privilegiado nessa selva esquecida por Deus e gigante por natureza. Cabe a mim, como a meus ‘pares’, uma defesa cada vez mais veemente e enfática – na verdade, empática!! – de quem sofre na pele (literalmente).
Continuar deixando os oprimidos se defenderem sozinhos será manter tudo exatamente como está. Repito: são os brancos e ricos os verdadeiramente responsáveis e aptos a brigarem feio, como brigou Giovanna, com dedo na cara e tudo, com os malditos racistas que infestam as sociedades Brasil e mundo afora. Porrada nos canalhas!