Na semana que marcou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho, um forte perfil da comunidade se destacou: o poder de compra da classe, o chamado pink money. Em recente pesquisa feita no Brasil, constatou-se em números o alto poder aquisitivo que já era notório entre lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo e assexuais. O grupo não somente gasta mais, mas consome no comércio online e offline com maior freqüência do que os heterossexuais. Mais do que isso, seus integrantes estão atentos a marcas que apoiam a causa. Se se sentirem representados pela empresa, serão fiéis ao produto ou serviço. Isso resulta em um movimento de mais de R$ 10,9 bilhões por ano no Brasil.

Os dados são do estudo Rainbow Homes, da NielsenIQ, empresa de informação global. Segundo a análise, as famílias arco-íris – com pelo menos um integrante da comunidade -, representam 5,5% no consumo brasileiro e têm um gasto 14% maior do que os demais lares. Dessa fatia, 30% estão dispostos a gastar mais com marcas que conversam com a diversidade. Entre as despesas estão cuidados com a higiene e um forte apreço pela perfumaria, por exemplo. A professora de marketing da Universidade Mackenzie Campinas Mariana Munis, acrescenta outro dado importante. “De acordo com dados da Associação Internacional Out Now Leadership, esse público é responsável por gerar 7% do PIB nacional”, detalha.

O ator Bernardo Langlott e o jornalista Betoh Cascardo, do Rio de Janeiro, retratam bem esse estudo. Três vezes por semana, eles vão a uma clínica de estética e usam marcas e serviços que os incluem. “Já deixei de comprar e consumir empresas que não valorizam o pink money”, revela Cascardo, que está prestes a fazer um transplante capilar no valor de R$ 18 mil. O consumo do casal traça o mesmo perfil da pesquisa Rainbow Homes. Em São Paulo, o arquiteto Diego Morelli, simboliza essa porção do mercado. Ele também já fez o implante capilar e é adepto da toxina botulínica. “Meus gastos com cuidados pessoais estão no topo da minha lista, colado com os das viagens. Investir no bem-estar é trazer paz para o corpo e alma”, considera. Empresários que focam no grupo LGBTQIA+ lucram. A Rio Arte Dermatologia e Estética ampliará sua rede com unidades para homens. O sócio Saulo Reis evidencia o avanço nos negócios. “O pink money aumentou mais de 20% o nosso faturamento”, declara. Na rede, os clientes pagam até R$ 9.500 por um lifting facial sem corte. Na capital paulista, a Clínica Pierezan, do médico Julio Pierezan, também sente o impacto da diversidade. Para ele, a classe representa 60% da clientela. “O tratamento mais procurado é o transplante capilar”, afirma.