Wanderley de Abreu Junior relembra episódio de quando ‘invadiu’ a Nasa

Em um período em que computadores ainda eram artigo de luxo e cursos na área de Tecnologia da Informação (TI) pareciam um bicho de sete cabeças, um adolescente brasileiro conseguiu fazer o que parecia impensável: invadir o sistema da Nasa (Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço). Atualmente, Wanderley de Abreu Junior, 44 anos, é um empresário bem-sucedido à frente do Grupo Storm, focado em soluções de TI e produtos digitais.

No entanto, em 1997, aos 19 anos, ele era o hacker que conseguiu burlar a rede da agência de exploração espacial dos Estados Unidos.

Acostumado com computadores desde os 6 anos de idade, Abreu Junior ganhou, no aniversário de 12 anos, um modem dos pais. Isso foi o suficiente para, anos depois, o prodígio em tecnologia revelar toda a sua capacidade de uma forma bastante ousada.

“A Nasa ligou para o meu pai dizendo que haviam me descoberto”, relata o empresário. “Levei uma bronca, pois o meu pai disse que eu poderia ser preso. No entanto, fui convidado para fazer um curso com eles, em troca de revelar as fragilidades do sistema”, complementa.

Dessa forma, o acordo foi selado. O brasileiro apresentou todas as falhas de segurança que encontrou, as quais permitiam que outros hackers invadissem o sistema, e, como contrapartida, aprendeu tudo sobre o que havia de mais moderno nas instalações da agência espacial.

Pouco depois, estagiando no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o então estudante de Engenharia Mecatrônica ajudou a descobrir diversos delitos. “Por meio da rede, identificamos mais de 200 pedófilos e outros criminosos na internet”, lembra.

Diante do potencial do mundo conectado, Abreu Junior percebeu que estava se especializando em uma área ainda pouco desenvolvida no País. Com isso, fundou a Storm, cujo nome faz referência ao apelido que usava nos tempos de hacker.

“Hoje, estou do lado dos bonzinhos, pois só desenvolvemos soluções de TI capazes de melhorar a qualidade de vida, aumentar a segurança e aperfeiçoar as funcionalidades de ferramentas digitais”, diz o empresário, em tom bem-humorado. “Ainda podemos melhorar muito o mundo em que vivemos por meio da tecnologia”, acrescenta.