MP investiga superfaturamento dos shows de Gusttavo Lima

Gusttavo Lima Foto: Reprodução/Instagram

A cidade de São Luiz, no sul de Roraima, irá desembolsar um cachê de cerca de R$ 800 mil para show do cantor sertanejo Gusttavo Lima. O cantor foi contratado pela prefeitura do município, porém, a cidade possui apenas 8 mil habitantes. E o seu Produto Interno Bruto é de R$ 147,6 milhões, o segundo mais baixo do estado. A cidade também possui apenas dois hotéis e três restaurantes. A contratação é investigada pelo Ministério Público do Estado de Roraima.

O cantor sertanejo possui um dos cachês mais altos do Brasil, chegando a R$ 1,2 milhão por show. Ele também é investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais, que instaurou procedimento para averiguar se houve irregularidades no contrato para o seu show na cidade de Conceição do Mato Dentro em Minas Gerais. O show, que estava previsto para acontecer no dia 20 de junho, custaria aos cofres públicos da cidade cerca de R$ 1,2 milhão. Porém, após a abertura da investigação o show foi cancelado. Os cachês dos shows do sertanejo possuem valores muito altos para cidades pequenas desembolsarem, valores estes que saem dos cofres públicos e enchem o bolso dos milionários sertanejos.

Após ser duramente criticado, Lima se defendeu afirmando que não se beneficia da Lei Rouanet e que tem orgulho em não aceitar dinheiro público advindo dela.

O cantor bolsonarista Zé Neto, da dupla com Cristiano, foi o estopim das criticas dos cantores sertanejos à Lei Rouanet, com acusações também à cantora Anitta, que tem sido alvo de ataques bolsonaristas, por se posicionar contra o governo bolsonaro. Em show realizado em Sorriso, no Mato Grosso Do Sul, no dia 14 de maio, Zé Neto levou a situação para o campo da baixaria.

“Nós somos artistas que não dependem da Lei Rouanet. O nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no “toba” para mostrar se a gente tá bem ou não, a gente vem simplesmente aqui e canta”.
O sertanejo fez referência em tom sarcástico, à tatuagem que Anitta fez no ânus. No ano de 2018, a dupla sertaneja chegou a fazer campanha para a eleição de Bolsonaro.

Após a critica, o cantor Zé Neto e seu companheiro Cristiano também estão sendo investigados por suspeita de superfaturamento em seus shows. O Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MP-MT) abriu investigação contra a prefeitura da cidade de Sorriso para averiguar o cachê da dupla de R$ 400 mil pagos com verba pública.

A Lei Rouanet, que está sendo alvo de críticas, é a lei federal de incentivo a cultura, em que os autores precisam submeter seus projetos à Secretária Especial da Cultura e passar por avaliação do órgão e seguir determinados requisitos. Esta lei estabelece um limite no cachê do artista de até R$ 45 mil por apresentação no caso do artista solo. Já os shows que são organizados pela prefeitura dos municípios não possuem um limite de cachês. Também como, não passam por nenhuma avaliação técnica da Secretaria de Cultura. Além de que a escolha de qual artista irá se apresentar é feita pela prefeitura e não por uma comissão técnica e especializada.

Portanto, as criticas que Gusttavo Lima e outros diversos cantores sertanejos, como Zé Neto, fizeram em relação a Lei Rouanet são, no mínimo, contraditórias. A postura de Gustavo Lima se baseia em discurso bolsonarista contra a Cultura. O cantor sertanejo é bolsonarista declarado e não mede esforços para mostrar seu apoio ao governo Bolsonaro. No dia 21 de maio, em show em Brasília, o narrador de rodeios Cuiabano Lima, discursou em cima do palco com frases simpáaticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como por exemplo, “aqui nunca vai ser o comunismo”. Lima também é sócio do Frigorifico Goiás que criou a “Picanha Mito”, peça de picanha do gado Wagyu, em homenagem ao presidente, que chega a custar R$ 1.799 o quilo.

O discurso de extrema direita de Jair Bolsonaro se alinha perfeitamente com a música sertaneja e a sua representação conservadora que está vinculada com o agronegócio, para de fato ludibriar suas verdadeiras intenções que são obter beneficio do dinheiro público.