Com 7% no último Datafolha, Ciro Gomes mantém a média que o acompanha desde o início da campanha. Nada indica que isso vá mudar. Mantida sua candidatura, ela apenas serve para impedir a vitória de Lula ainda no primeiro turno. Desde o início, o pedetista tem destilado seu rancor contra o petista, chamando o ex-presidente de velho gagá e dizendo que seu tempo já passou na política. A raiva vem da eleição de 2018, quando Lula, mesmo da cadeia, orientou o PSB a não fechar aliança com o PDT, neutralizando sua campanha no Nordeste. Ciro ficou furioso e não se pode esquecer do segundo turno em que ele abandonou Haddad e foi passear em Paris. Quatro anos depois, sua candidatura agora faz o jogo de Bolsonaro. Para o presidente, portanto, é essencial que o PDT continue na disputa.

Pressão

Jogando parado, Lula faz pressão para Ciro desistir. A conta que o PT faz é simples. Com Ciro no páreo, Lula registrou 48%
no último Datafolha e Bolsonaro, 27%, já sob o efeito da derrocada da terceira via, o que acabou por beneficiar a polarização. Se Ciro desistir, seus votos irão para Lula, pois os dois circulam no campo da esquerda.

Centro

Com esse quadro, a crise da centro-direita, chamada de terceira via, favorece Bolsonaro. Até porque essas forças seriam as únicas em condições de tirar votos do capitão. Os eleitores de Doria, Moro, Pacheco e Mandetta, por exemplo, estavam na mesma raia bolsonarista. É possível que rumem para Bolsonaro e não para Tebet, que nunca passou de 2%.

Goela abaixo

Ciro Gomes será o fiel a balança: sem ele, eleição termina no primeiro turno
Fernando Moraes

Márcio França (PSB) vai ter que aceitar compor a chapa que Lula deseja emplacar para disputar as eleições em São Paulo. O socialista insiste em manter sua candidatura a governador, entendendo ser a melhor opção, mas o petista já decidiu que o candidato será Haddad: França terá que aceitar ser candidato ao Senado. O pacote lhe será empurrado goela abaixo. O martelo será batido nos próximos dias.

Retrato falado

Ciro Gomes será o fiel a balança: sem ele, eleição termina no primeiro turno
“Essa não é uma disputa religiosa, é uma disputa política” (Crédito:Gibran Mendes)

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, nega que haja um embate da campanha petista em busca dos votos do eleitorado evangélico, mais simpático à candidatura de Bolsonaro. Para ela, o evangélico está sofrendo tal qual o povo de qualquer outra religião. Em entrevista à Folha, Gleisi diz que Lula sobe nas pesquisas porque ele é a esperança diante do desemprego, da fome, do custo de vida e dos problemas reais, que Bolsonaro ignora. Acha que Lula vence no primeiro turno.

Toma lá dá cá

Ciro Gomes será o fiel a balança: sem ele, eleição termina no primeiro turno
Marcelo Castro, senador pelo MDB e relator do Orçamento de 2023 (Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O senhor planeja algum mecanismo para frear as distorções das emendas de relator?
A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelecerá os critérios de como as emendas serão formadas. No ano passado, fui relator do projeto que as disciplinou e me insurgi contra a falta de limite no valor reservado para elas.

A candidatura de Simone Tebet será mantida mesmo se ela não crescer nas pesquisas?
Ninguém vai se posicionar contra a candidatura. O que antevejo é que, em alguns estados, parte dos filiados não votará na Simone.

Por que, então, o MDB mantem sua candidatura?
O MDB é muito dividido. O Nordeste prefere o Lula e o Sul, Bolsonaro. No Piauí, eu apoiarei Simone, mas preciso frisar que sempre votamos no PT.

Tudo pela reeleição

Bolsonaro não esconde de ninguém que pode até quebrar o País, mas que o seu projeto é mesmo o de tentar a reeleição a qualquer custo, exatamente como Dilma fez em 2014. O problema é que se ele não se reeleger, o futuro presidente herdará a ingovernabilidade. E, se for reeleito, o País viverá momentos caóticos como os de Dilma. Precisará do Centrão. Assim, o presidente está bloqueando R$ 14 bilhões de verbas destinadas à Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia para obter os recursos necessários para conceder aumento de 5% para o funcionalismo. Os recursos estão sendo congelados para atender os R$ 5,3 bilhões necessários para acomodar os reajustes salariais.

Quebrando a cara

Lula está quebrando a cara em Pernambuco, sua terra natal. Lá, Marília Arraes, neta do mito Miguel Arraes, está liderando as pesquisas para o governo local, com 28,8%. Ela pertencia ao PT até março e teve que ir para o Solidariedade porque desejava ser candidata ao governo e Lula não deixava, preferindo fechar acordo com o candidato do PSB

Ciro Gomes será o fiel a balança: sem ele, eleição termina no primeiro turno
Genival Fernandes

Aprendizado de Lula

Dessa forma, o PT fechou aliança com Danilo Cabral (PSB), com 7,1% nas pesquisas e que está em último lugar. Na frente dele estão Raquel Lyra, Miguel Coelho e Anderson Ferreira. É bom para Lula aprender. Em 2016, Marília queria ser candidata a prefeita do Recife e Lula não deixou. Em 2018, ela desejava sair para o governo e Lula impediu outra vez.

Tesourada

O setor que vai levar a maior tesourada de Bolsonaro será o da Educação, que terá R$ 3,2 bilhões bloqueados. Esse dinheiro seria destinado para institutos de pesquisa e universidades federais. A Saúde perderá R$ 2,5 bilhões, que deveriam ser destinados ao custeio da máquina e investimentos do ministério.

Vítima do bolsonarismo

Ciro Gomes será o fiel a balança: sem ele, eleição termina no primeiro turno
Omar de Oliveira

A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) comunicou neste final de semana que não será mais candidata ao Senado na aliança com o PT no Rio Grande do Sul. Em carta aos dirigentes dos dois partidos, ela disse que vem sofrendo ameaças políticas e que teme pela segurança da sua família. Estava com 20,5% nas pesquisas, empatada tecnicamente com o general Hamilton Mourão, com 22,7%.

Rápidas

* Datena lidera as pesquisas para uma das vagas para o Senado de São Paulo, mas ninguém leva sua candidatura a sério. Agora, está com Tarcísio Freitas (Bolsonaro), mas já esteve com Luciano Bivar (UB) e com Rodrigo Garcia (João Doria). Todo ano ele faz tudo sempre igual.

* Alvaro Dias, líder do Podemos no Senado, pensou em encerrar carreira e passar o bastão para Sergio Moro, mas ele mudou-se intempestivamente para o União Brasil. Resultado: será candidato a senador outra vez.

* Doria passou a última semana descansando nos Estados Unidos. De volta ao Brasil esta semana, vai “virar a chavinha”, como dizem os amigos próximos, e retomar seus negócios no Lide, que vinham sendo tocados pelo filho Johnny.

* Tasso Jereissati, que chegou a ser cotado para vice na chapa de Simone Tebet, vai pendurar as chuteiras na política. Encerrará o mandato no Senado no final do ano e não disputará mais nada: quer cuidar dos netinhos.