O poder de fogo que o Palmeiras não tem no camisa 9 tão desejado por Abel Ferreira sobra em Raphael Veiga. O meio-campista balança as redes em arremates de longe, de falta, dentro da área, é perfeito nas cobranças de pênalti – 21 acertos em 21 tentativas – e se tornou um jogador completo. Enquanto a convocação à seleção brasileira não vem, ele empilha taças com a camisa alviverde e sobe degraus em importância na história palmeirense.

“Marcar gol é sempre bom, mas marcar em decisão é melhor”, salientou. “Sou um cara que sempre procuro melhorar meus números e ajudar. E ainda que não tivesse feito os gols e tivéssemos sido campeões, estaria feliz”.

Veiga foi vice-artilheiro do time em 2020, goleador da equipe em 2021 – com 18 gols em cada temporada – e tudo indica que também será em 2022, uma vez que já balançou as redes dez vezes em 16 jogos. Sem um camisa 9, é ele que, muitas vezes, decide uma partida para o Palmeiras. Foi assim na remontada histórica diante do São Paulo neste domingo que ele comandou, com dois gols na etapa final.

“O nosso compromisso é sempre com o nosso melhor. Às vezes nosso melhor vai ser suficiente, às vezes não vai ser suficiente. O Abel falou antes do jogo que independente do que aconteça, a gente tenta, tenta e tenta até acabar o jogo”, afirmou o camisa 23. Ele fez três dos cinco gols do Palmeiras nos dois jogos finais. O marcado no Morumbi foi essencial para deixar o time vivo na finalíssima.

“O primeiro gol foi importante, o segundo, terceiro e o quarto. Todos os gols foram importantes”, sublinhou..

Revelado pelo Coritiba e muitas vezes comparado a Alex, seu ídolo, Veiga está no Palmeiras desde 2017. Passou a temporada de 2018 emprestado ao Athletico-PR e voltou em 2019. Demorou a deslanchar, mas quando o fez, sob o comando de Abel, não perdeu mais protagonismo. Concentrado, talentoso e, por vezes, predestinado, o meia ergueu neste domingo sua sexta taça com a camisa do Palmeiras.

Ele é o segundo principal artilheiro do atual elenco, com 52 gols. Está apenas atrás apenas de Dudu, que tem 77. É o terceiro maior artilheiro do Allianz Parque, com 24 bolas nas redes, está entre os 100 maiores artilheiros da história do Palmeiras e também integra o top 10 de goleadores da equipe neste século.

O curioso em sua trajetória é que o hoje meio-campista completo tentou ser goleiro quando era criança e jogou na base do Corinthians. Tinha Marcos como grande ídolo e, aos 9 anos, fez um teste no arquirrival, mesmo sendo palmeirense desde cedo. Ficou alguns dias e foi dispensado.

No entanto, voltou, participou de uma nova peneira e foi aprovado, desta vez atuando na linha. Foram dois anos defendendo o Corinthians. A passagem pelo rival foi encerrada sob o argumento dos dirigentes de que ele não tinha força física para seguir no time. Melhor para o Palmeiras, que tem, muito graças a Veiga, conquistado taças em profusão nos últimos anos.

As apresentações de protagonismo suscitaram a questão: quando Veiga será convocado para a seleção brasileira. Foram incontáveis as perguntas a que Veiga respondeu sobre o tema. Tite já admitiu que o meia está no radar, indicou que o convocaria, mas não o fez. O atleta sempre diz que tem, claro, desejo de vestir a amarelinha, mas que pensa no presente e em fazer o que está a seu alcance no Palmeiras, o clube para o qual torce desde criança. Pode-se dizer que o time tem um torcedor em campo.

“Minha forma de retribuir por tudo que vivo é dando o meu melhor em campo, pois quero sempre que o Palmeiras esteja por cima”.