A influenciadora digital Ana Flávia Lobo, de apenas 26 anos, começou a produzir conteúdo para as redes sociais desde o início da pandemia e, recentemente, foi até notada pela marca da cantora Beyoncé. A jovem de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, investe cada vem mais nos conteúdos que tem como objetivo inspirar outros jovens, que se identificam com a sua historia de vida. Além disso, ela acredita no poder da influência como plataforma para fortalecer movimentos sociais importantes, como a aceitação da mulher preta e a quebra da cultura da beleza irreal.

“A gente sabe que o mundo é racista, que nós pretas não somos o padrão de beleza. O corpo preto por muito tempo foi visto como um corpo indigno, um corpo sujo, muito sexualizado. Eu, por exemplo, quando era mais nova, fui muito sexualizada. Desde pequena, frequentava a igreja evangélica e não podia usar roupa curta enquanto as outras meninas brancas e magras usavam qualquer tipo de roupa e tava tudo bem. Mas como eu tinha bunda grande e era negra, tinha esse esse negócio de que precisava usar uma roupa específica, não podia mostrar tanto porque os homens poderiam ficar olhando para mim de uma forma diferente.”

Decidida a criar uma realidade diferente, Ana Flávia comenta quem foram as suas inspirações quando era jovem e as mudanças no cenário nacional, principalmente com a ascensão do universo digital.

“Tive como referência na minha adolescencia a Beyoncé e a Rihanna, artistas lá de fora. Graças a Deus, as meninas mais jovens tem muito mais referências hoje do que eu tive na minha adolescência, dentro do nosso país, mais próximas da gente, que nos representam e estão conquistando espaço na televisão, na música, nas redes sociais. É algo muito importante e transformador.”

Apesar de enxergar avanço dentro dessa luta, a influenciadora que se identifica com a moda, entregando aos seus quase 250 mil seguidores muito look, estilo e pluralidade dos corpos no universo fashion, aponta a falta de espaço para as mulheres pretas no segmento.

“A mulher preta fora do padrão ainda tem um caminho muito longo para trilhar. Ainda vejo bastante resistência dentro da moda nacional, é bem complicado. As marcas não olham muito para a gente, para o nosso tipo de corpo. A gente não tem um ícone de moda que seja preta aqui no Brasil ainda, mas eu acredito que essa movimentação é uma coisa que tá crescendo, as pessoas estão cansadas de ter que viver a padronização, os conceitos de beleza completamente foras da realidade e, esse movimento está ganhando cada vez mais força.”

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