Pelo menos 100 ucranianos já se cadastraram em busca de refúgio no Brasil. A informação é de Vitor Hugo Burgo, que em uma semana se tornou coordenador geral da Humanitas, uma aliança informal criada às pressas depois da invasão russa, de todas as entidades que reúnem descendentes de ucranianos no país. O advogado especializado em meio ambiente, que agora vive com “15 minutos para dormir e cinco para comer”, destaca que “em poucos dias mais de mil pessoas se envolveram voluntariamente em um movimento pacifista e pluralista, que visa a promover ações humanitárias concretas”.

A ideia partiu de grupos em redes sociais, onde pipocavam iniciativas isoladas. Entidades públicas ou privadas, religiosas, culturais e mesmo indivíduos sentiram a necessidade de uma articulação rápida para debater como ajudar quem foge da guerra. Daí surgiu a Humanitas. De pronto, ficou decidido que as próprias sociedades ucranianas no Brasil seriam os pontos de apoio para os refugiados que viessem para cá, facilitando a inserção social até pelo conhecimento da língua.

Além disso, haveria mais estrutura para colocar as crianças em escolas, por exemplo. “Não queremos empilhar pessoas. Conseguimos pessoas para planejar o que fazer e hoje contamos inclusive com uma psicóloga, também voluntária, para ajudar aqueles que chegarem. Precisamos estar preparados, mesmo porque nem sabemos quantos virão para cá”, diz o advogado.

As ações práticas começaram pelo cadastro na rede formada pela Humanitas, dos ucranianos que optaram por buscar refúgio no Brasil. Passaram por uma conta criada para quem se dispõe a ajudar e agora desembocam em tentativas como doação de milhas aéreas ou procurar companhias aéreas que se disponham a ceder lugares em vôos que venham para cá. “Sabemos que não é questão do cessar-fogo. Vamos precisar de uma atuação forte no pós-guerra, porque haverá reflexos por muitos anos. Por isso queremos nos estruturar muito bem.”