Um agente da KGB, sigla daquele que foi o truculento e assassino serviço secreto da comunista ex-URSS, pode chegar à Presidência do país, mas jamais deixará de ser um agente da KGB. A URSS, para o bem da civilização, se esfacelou. Mas falando de indivíduos, uma vez KGB sempre KGB: o gosto por sangue não sai da boca. Assim é o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que de fato integrou a famigerada KGB e está no comando da nação desde o ano 2000, quando assumiu após a renúncia de Boris Yeltsin.

Ao longo dos anos, alguns líderes ocidentais foram condescendentes demais com Putin, esqueceram-se de que ele estava, está e sempre estará longe de ser um estadista. Putin manda prender quem não concorda com ele, haja vista milhares de pessoas detidas nos últimos dias em Moscou porque condenam a invasão da Ucrânia. É suspeito de ter ordenado o envenenamento de adversários políticos. Os seus planos expansionistas expõem o seu péssimo caráter.

Putin é esperto. Havia tempo que a Ucrânia lhe estava na garganta e, para tomá-la, ele se preparou montando para o país uma reserva de US$ 640 bilhões – sabia que viriam sanções das grandes potencias ocidentais. E montou um dos maiores aparatos militares do mundo, comparável ao dos EUA.

As sanções econômicas não incomodam Putin, ele está bem cacifado. Mas é imprescindível que países democráticos como França, EUA e Inglaterra lhe mostrem que o respeito à soberania das nações mais fracas e frágeis tem de ser cultivado. O massacre aos ucranianos pode terminar enquanto esse texto estiver sendo escrito, mas alguma resposta os democratas liberais têm de dar, e só resta o caminho igualmente militar – como a dizer: não, Putin, você não é o mais forte do planeta.

O problema é que essa trilha do confronto militar jogaria o mundo em uma terceira grande guerra. E é claro e natural que as potências que compõem a OTAN se perguntam: vale a pena esse enorme sacrifício para defender um país feito a Ucrânia? Lá reina a corrupção e lá também se prendem pessoas a torto e a direito – o que não justifica em hipótese alguma a invasão.

Então, fazer o quê? Um ponto é certo: ainda que seja uma resposta pelas armas que tenha somente o intuito de assustar, ela tem de ser colocada em prática. Caso contrário, ficará plantado no mundo, como nos tempos da chamada Guerra Fria, o exemplo que uma nação forte pode invadir uma nação fraca em força bélica (o governo da Ucrânia clamava ao povo para resistir com simples coquetéis do tipo molotov), e nada lhe acontecerá de punição. Ou seja, o ex-agente da KGB não pode crescer mais do que já o deixaram crescer. É urgente colocar-lhe limites. Mostrar-lhe que o Kremlin não é o umbigo do mundo.