Sempre que alguém precisa muito da excentricidade para fazer-se notar, e não porque seja naturalmente excêntrico, aconselha-se um bom psicoterapeuta. Está em jogo, em casos assim – quando a excentricidade é calculadamente utilizada -, uma personalidade no limite extremo do narcisismo. Um retrato disso é o presidente Jair Bolsonaro.

Nesse momento, nações civilizadas (ainda que elas tragam somente uma gota de racionalidade e Iluminismo) se voltam em atenção à criminosa invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Liga-se a TV e vê-se um tanque de guerra, russo, passar por cima de um carro com uma família civil ucraniana em seu interior. Mandar esmigalhar gente, eis o esporte do presidente russo Vladimir Putin.

Pois bem, nesse momento, o presidente Jair Bolsonaro, que empresta apoio ao sanguinário Putin, escolheu ir, de forma altamente calculada, com uma gravata rica em detalhes de fuzis pintados a uma cerimônia no Palácio do Planalto, que tratou de esportes. Na cabeça do capitão Bolsonaro, esporte e armas têm tudo a ver. Não sem razão ele gosta de Putin. E gosta de Donald Trump. Gosta, enfim, de quem gosta de armas. Gosta de guerra.

Gravata azul, com arminhas pintadas enfeitando-a, ele também já usou em 2020 quando se irritou como o STF que cumpria (como sempre cumpriu e cumpre) sua função democrática de combater atos ilegais e inconstitucionais de bolsonaristas.

Usar uma gravata decorada com armas, nesse momento de guerra e genocídio na Ucrânia, é tão inadequado quanto um noivo casar com esse complemento de vestuário – e isso já aconteceu, o noivo em questão chama-se Eduardo. Ele mesmo, o filho do presidente.

Todos os brasileiros democratas, todos os brasileiros que condenam o assassinato de ucranianos por parte de Putin têm o direito de condenar Bolsonaro pelo uso dessa gravata. É como ir a um velório vestido de vermelho – aliás, a cor do comunismo que ele agora anda admirando.