Dólar cai com Selic alta amparando real após dados fortes de inflação nos EUA

Dólar cai com Selic alta amparando real após dados fortes de inflação nos EUA

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passou a apresentar queda nesta quinta-feira, saindo de máximas alcançadas na esteira de leitura de inflação mais forte do que o esperado nos Estados Unidos, uma vez que o patamar elevado dos juros no Brasil pode proteger o real de eventual endurecimento da política monetária norte-americana.

O índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 0,6% no mês passado, após alta também de 0,6% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, o índice saltou 7,5%, maior avanço anual desde fevereiro de 1982, e acelerando ante ganho de 7,0% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,5% para o índice no mês e acréscimo de 7,3% na base anual.

“O dado veio ligeiramente acima do consenso; isso tem um impacto negativo no real e em outras moedas emergentes, já que indica que a inflação nos Estados Unidos continua forte e persistente, e, diante desses dados, o Fed deve apresentar postura mais ‘hawkish’ (agressiva no combate à inflação)”, disse à Reuters Felipe Izac, sócio da gestora Nexgen Capital.

No entanto, ele afirmou que o ambiente doméstico conta com um colchão que limita a vulnerabilidade da moeda brasileira a aumentos de juros nos EUA, que é o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.

Custos de empréstimos mais altos em determinado país tendem a beneficiar a moeda local, ao elevar a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico.

Às 11:40 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,52%, a 5,1996 reais na venda, depois de tocar os 5,2490 reais (+0,42%) na máxima do dia, alcançada minutos depois da divulgação dos dados norte-americanos.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, avançava 0,2%, enquanto a taxa do Treasury (título soberano dos EUA) de dez anos chegou a tocar 2% pela primeira vez desde agosto de 2019.

O banco central da maior economia do mundo já sinalizou que vai começar a elevar os juros em março, mas não há consenso sobre a magnitude do ajuste. Antes dos dados de inflação desta quinta, a maioria das apostas era em alta de 0,25 ponto percentual nos juros no mês que vem, mas, agora, os mercados monetários já precificam 50% de chance de um aumento mais agressivo, de 0,50 ponto.

O dólar spot fechou a última sessão em queda de 0,64%, a 5,2269 reais, menor valor para encerramento desde 13 de setembro de 2021 (5,2236).

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