A alta costura sempre foi para poucos, mas no Brasil, um item de luxo permeou e ainda permeia o olfato de gerações de mulheres. O perfume “Angel“, criação do visionário estilista francês Thierry Mugler foi, desde seu lançamento em 1992, uma obsessão mundial. Você talvez tenha uma mãe, uma avó ou uma tia que o usam ou ao menos guardam o frasco de vidro azul em formato de estrela com reverência dentro do armário. O falecimento de seu idealizador no dia 23, aos 74 anos, causou comoção no mundo da moda.
Seus vestidos, ousadia e irreverência foram destaque, claro. As roupas e corpetes de Thierry Mugler que vestiram Gisele Bundchen, a empresária Kim Kardashian e até a cantora Beyoncé foram relembradas em seus mínimos detalhes. A fragrância adocicada, porém, também merece destaque. No País, “Angel” foi por uma década o perfume francês mais vendido e desejado, inicialmente consumido por uma elite que viajava ao exterior e depois pela classe média que o parcelava em lojas de departamento ou viajava até o Paraguai em busca do produto original ou não. Seus colegas famosos, como Chanel N°5 (1921) e Opium, de Yves Saint Laurent (1977), eram mais caros – e suas embalagens não tinham o desenho elaborado por Muggler.
No decorrer de sua carreira, o estilista lançou diversos itens de perfumaria, nenhum tendo ultrapassado a popularidade de “Angel”. Se hoje os perfumes internacionais estão mais populares e outros estilistas ocupam os primeiros lugares em vendas no País, como Carolina Herrera e Dolce and Gabbana, a memória das notas florais e angelicais segue mais viva do que nunca. Aliás, perfumaria no Brasil é coisa séria. Mesmo durante a pandemia, com o uso de máscaras e trabalho remoto, o aumento de vendas em perfumes foi de 13,3% apenas no primeiro semestre de 2021, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Apesar da crise, os pequenos prazeres seguem indispensáveis.