Bolsonaro passou quinze dias curtindo a vida adoidado, com farra nas badaladas praias do Guarujá (SP) e São Francisco do Sul (SC). Andou de jet sky, com a filha e a primeira-dama na garupa, deu cavalo de pau no parque infantil de Beto Carrero, tomou cerveja em boteco de pé sujo, fartou-se de frutos do mar, sobretudo camarão, que ele, de tão esganado, engoliu sem mastigar. Como ele já tinha histórico de problemas no estômago, passou mal após tanta festança no litoral e sentiu certa suboclusão intestinal, que nada mais é do que um problema gástrico, típico de quem é sensível a comer tudo e qualquer coisa sem qualquer regramento. Bolsonaro fez o que se chama no jargão popular de colocar o pé na jaca.
Diante da esbórnia, Bolsonaro só podia passar mal mesmo. Os problemas estomacais começaram após o almoço de domingo, quando engoliu os camarões, pagos com o cartão corporativo, gastança que o povo pobre também paga. Na madrugada de segunda-feira, dia 3, porém, precisou de atendimento médico. Ao invés de procurar um hospital de Santa Catarina mesmo, pois esse tipo de problema de resolve com um laxante ou com um remédio para dores de barriga, ele preferiu pegar um jatinho da FAB e se deslocar para São Paulo, onde teve atendimento privilegiado no Vila Nova Star, um dos mais caros hospitais da América Latina. E, de quebra, ainda mandou buscar nas Bahamas o médico Antônio Luiz de Macedo, que cobra o olho da cara de seus clientes. E para variar, Bolsonaro paga com dinheiro público, com cartão corporativo. Uma excrescência.
O médico chegou na terça-feira cedo e analisou o quadro do presidente. Percebeu que não era nada grave, embora o capitão tenha chegado ao local na madrugada de segura-feira dizendo que sentia dores fortes na barriga e “parecia que iria morrer”. Ora, capitão, você não tinha histórico de atleta? Não foi você que disse que era maricas quem estava com medo de morrer de Covid? Essa dor de barriga provocada por camarão é, na verdade, um tapa na cara dos baianos que estavam morrendo debaixo das enchentes provocadas por fortes chuvas, com os quais o mandatário não teve a mínima compaixão. Ele não se dignou a interromper as férias e a nababesca festa de fim de ano para socorrer as famílias enlutadas com a tragédia na Bahia. Comportamento, aliás, que ele repetiu em relação aos parentes das 620 mil vítimas da Covid.
Não bastasse essa insensibilidade, o capitão fez pior. Horas depois de sair do hospital em São Paulo, ele compareceu a um jogo de futebol amistoso, uma pelada entre cantores sertanejos em Goiás. Chegou a dar o pontapé inicial na peleja como se nada lhe tivesse acontecido antes. E não havia acontecido mesmo. O que ele fez no hospital foi uma farsa. Quis chantagear os eleitores dizendo que ele ainda sofria as consequências do ataque à faca que sofreu na campanha de 2018. Alguns otários que votaram nele, e ainda insistem em tê-lo como candidato preferencial em 2022, não perceberam esse jogo do chefe do Executivo. Mas se não acordarem até outubro, o Brasil pode repetir a tragédia e reeleger a maior fraude de toda a política brasileira.