A sociedade brasileira e principalmente médicas e médicos merecem o respeito do Conselho Federal de Medicina (CFM). Esse respeito existirá apenas quando a entidade deixar de ser apática e omissa e tomar atitudes concretas em relação aos atos criminosos do presidente Jair Bolsonaro contra a saúde pública.

Médicas e médicos viveram e sofreram (ainda sofrem) diuturnamente na linha de frente da luta contra a pandemia de Covid-19. Enquanto isso, Bolsonaro ficou fazendo chacotas e o CFM permaneceu quieto — soltando, vez ou outra, notas protocolares de protesto. E isso é pouco, é nada diante de uma categoria profissional que abriu mão da própria vida para salvar a vida de pacientes. O CFM não viu — e não vê — esse fato? A sua omissão o torna cúmplice daqueles que tudo fazem para confundir a população.

Foi criminosa a fala do presidente unindo a vacinação à transmissão da AIDS. No início da imunização, ele declarou que os vacinados corriam o risco de se tornarem jacarés. Já era, aí, para o Conselho ter tomado sérias providência legais, dignificando médicas e médicos que estavam amargando o risco de contraírem a doença para cuidar dos enfermos com toda a competência e dedicação. Agora, Bolsonaro radicalizou ao emitir estultices sobre vacinação e vulnerabilidade imunológica ao HIV. E o CFM, nada!

Assistimos aos profissionais de saúde, que não ficam em gabinetes, correrem para desmentir as inverdades. E o CFM? Por que esse órgão se encolhe e não vem a público condenar as fake news? É hora, ou melhor, passou da hora de o CFM mostrar que existe. É medo? É identificação ideológica com o presidente que impede a tomada de firmes providências? O Brasil cobra uma satisfação. O efeito colateral disso tudo é o descrédito nesse órgão que, agindo como age, revela-se arrogante e inútil.