Após ser acusada de usar um código para alertar funcionários sobre potenciais clientes “suspeitos”, a Zara foi notificada pelo Procon-SP a prestar explicações sobre o caso. Na semana passada, o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos, informou que uma unidade da loja em um shopping de Fortaleza (CE) usava o código sonoro “Zara zerou” nos autofalantes internos para avisar seus funcionários sobre clientes com estereótipos “fora do padrão”.

De acordo com o Procon-SP, o órgão pediu ainda que a empresa passe informações sobre política de treinamento aplicada aos seus colaboradores. A Zara também deve demonstrar quais medidas adota em relação a conscientização, prevenção, programas de diversidade, inclusão e combate ao racismo e a discriminação de qualquer gênero.

Ainda segundo o Procon, a empresa também deve indicar os mecanismos de segurança e vigilância utilizados em sua rede de lojas e quais são as providências tomadas junto aos funcionários e colaboradores que realizaram a abordagem, bem como para posterior assistência à cliente.

Em setembro, a delegada e diretora adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis da Polícia Civil do Ceará, Ana Paula Barroso, foi barrada na entrada da loja.

À época, a assessoria de comunicação da Zara afirmou que a delegada havia sido barrada por estar tomando um sorvete quando entrou na loja e não estaria usando máscara.

No entanto, a Polícia Civil também apurou que a Zara do Shopping Iguatemi de Fortaleza não barrou clientes brancos que também consumiam alimentos e não usavam máscara em sua loja.

A Polícia Civil indiciou o gerente da loja, Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, por racismo. Em nota, a Zara afirmou que a abordagem não foi motivada por questão racial, mas por causa de protocolos de saúde.

Leia a íntegra da nota da Zara:

“A Zara Brasil, que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação, quer manifestar que colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa. A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos.”