Por Guy Faulconbridge e Michael Holden

LONDRES (Reuters) – A Corte Europeia de Direitos Humanos determinou nesta terça-feira que a Rússia foi responsável pelo assassinato de Alexander Litvinenko, ex-agente do KGB que morreu em agonia em 2006 depois de ser envenenado em Londres com uma substância radioativa rara.

Litvinenko, desertor que se tornou um crítico contundente do Kremlin, morreu três semanas depois de beber chá verde contaminado com polônio-210 em um hotel londrino de luxo.

O Reino Unido atribui o ataque há tempos a Moscou, e a corte europeia localizada em Estrasburgo, na França, concordou, dizendo que “o assassinato do senhor Litvinenko foi imputável à Rússia”, como disse seu comunicado.

A imagem de Litvinenko, então com 43 anos, em um leito do University College Hospital em Londres amarelado, abatido e com o cabelo caindo estampou jornais britânicos e ocidentais.

Em seu leito de morte, Litvinenko disse a detetives que acreditava que o presidente russo Vladimir Putin –um ex-espião do KGB que assumiu o comando da agência, rebatizada de FSB, antes de se tornar o líder de seu país– ordenou diretamente seu assassinato.

O uso de um isótopo radioativo raro nas ruas da capital inglesa, aparentemente para um acerto de contas, mergulhou as relações anglo-russas no pior momento após a Guerra Fria e também gerou desconfiança do Ocidente com Moscou.

Em 2016, um inquérito britânico concluiu que Putin provavelmente aprovou uma operação de inteligência russa para matar Litvinenko.

“A CEDR (Corte Europeia de Direitos Humanos) mal tem a autoridade ou a capacidade tecnológica de possuir informações sobre a questão”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Ainda não há resultados dessa investigação e fazer este tipo de alegações é, no mínimo, sem substância.”

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