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Pesquisadores da empresa norte-americana de biociência e genética Colossal anunciaram, segunda-feira, 13, que conseguiram reunir financiamento no valor de US$ 15 milhões (R$ 78 milhões), e que com essa fortuna serão capazes de recriar o mamute lanoso em seis anos. O animal, extinto há dez mil anos poderá ser reelaborado com a ajuda da engenharia genética. Os cientistas propuseram a seguinte forma de trabalho para criar um híbrido elefante-mamute: pegar as células da pele de seu parente mais próximo, o elefante asiático, ameaçado de extinção, e reprogramá-las em células-tronco embrionárias, carregadas de DNA de mamute. A especificidade das células-tronco é a capacidade de se transformar em qualquer outra célula do organismo, e, por isso, a opção faz sentido. O material biológico de mamute foi retirado de restos mortais que estavam congelados a uma temperatura de -40 graus Celsius, na Sibéria.

O procedimento não é nada corriqueiro e a intenção é criar um elefante resistente ao frio, com pelos e mais gordura espessa no corpo. Acredita-se que a experiência contribuia para a preservação do elefante asiático. Além disso, o mamífero gigante poderá restaurar o seu habitat natural, a tundra, já que ele tem a força necessária para derrubar árvores, o que deve trazer de volta as pastagens árticas, e impedir o degelo da região. Mas há especialistas que duvidam da experiência, já que a etapa seguinte requer mais do que o dinheiro pode comprar. Os embriões serão implantados em uma mamãe elefante ou em um útero artificial e ainda é necessário descobrir como se faz uma inseminação desse tipo, algo que ninguém fez até hoje. Depois, o útero artificial teria que ser resistente para suportar um feto de mamute por dois anos e pesando quase 90 quilos. O paleontólogo do Museu de Zoologia da USP Alberto Carvalho levanta mais um ponto importante: trazer de volta os mamutes será um trabalho complexo, mesmo com os elefantes tendo quase 100% dos genes dos primos. “Nem todo o DNA do animal está preservado e portanto será necessário descobrir os genes que estão faltando”, explica.