A gasolina com chumbo não é mais usada em nenhum país do mundo – anunciou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta segunda-feira (30), um “marco” que permitirá salvar 1,2 milhão de vidas a cada ano e economizará mais de US$ 2,4 trilhões.
Quase um século depois que as autoridades de saúde começarem a alertar sobre os efeitos tóxicos da gasolina com chumbo, a Argélia, o último país a continuar a usar esse combustível, esgotou suas reservas no mês passado, disse o PNUMA.
“O sucesso da campanha de proibição da gasolina com chumbo é um marco para a saúde no mundo e para o meio ambiente”, celebrou Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, cuja sede fica em Nairóbi, capital do Quênia.
Há apenas 20 anos, a gasolina com chumbo estava presente em mais de 100 países, apesar de estudos científicos terem-na identificado como causa de mortes prematuras, de efeitos prejudiciais à saúde e de poluição do ar e de contaminação dos solos.
O primeiro alerta de sua periculosidade foi em 1924, depois que cinco trabalhadores morreram após sofrerem convulsões em uma refinaria do estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O acidente também levou dezenas a serem hospitalizadas.
Ainda assim, até a década de 1970, quase toda gasolina vendida no mundo continha chumbo.
No momento em que o PNUMA lançou sua campanha de erradicação em 2002, grandes potências, como Estados Unidos, China e Índia, haviam parado de usá-la. O combustível continuou muito presente, porém, nos países desfavorecidos.
– Combustíveis fósseis perigosos –
Segundo este programa da ONU, a erradicação da gasolina com chumbo “evitará mais de 1,2 milhão de mortes prematuras por ano, aumentará Quociente Intelectual das crianças, permitirá economizar US$ 2,4 trilhões para a economia mundial e reduzirá a taxa de criminalidade”.
O PNUMA recorda, no entanto, que o uso de combustíveis fósseis tem de ser reduzido consideravelmente para conter os efeitos da mudança climática, diante do aumento exponencial das vendas de veículos – sobretudo, nos países emergentes.
“O setor de transporte é responsável por quase 25% das emissões mundiais de gases de efeito estufa relacionadas com energia e aumentará em um terço até 2050”, disse o PNUMA, observando que 1,2 bilhão de carros novos entrarão em circulação nas próximas décadas.
O anúncio do PNUMA surge poucas semanas depois da apresentação do relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, que decretou um “alerta vermelho para a humanidade”, diante do rápido agravamento do aquecimento global.
Segundo este relatório, o planeta atingirá o limiar de +1,5°C até 2030, dez anos antes do previsto pelo IPCC em 2018.