27/08/2021 - 18:38
Há 52 anos, o homem pisava na Lua e realizava um feito inimaginável para a época. No total, 12 homens pisaram no satélite natural da Terra. Um deles, Charles Duke, veio ao Brasil nesta semana para inaugurar a exposição Space Adventure (Aventura Espacial, em tradução livre) no estacionamento do shopping Eldorado, em São Paulo (SP). O astronauta, de 85 anos, fez parte da missão Apollo 16, que foi para a Lua em 21 de abril de 1972 e é até hoje o mais jovem a pisar no satélite natural, já que tinha 36 anos na época.
Na exposição, inédita na América Latina, é possível ver mais de 300 itens de missões da Nasa, como o traje original de Buzz Aldrin, o primeiro homem a pisar na Lua, uma bota da missão Apollo 15 com poeira lunar e cromos originais de fotos que foram tiradas na missão, além de alguns itens curiosos, como os utilizados para higiene pessoal e os alimentos que foram levados para o espaço, feitos em comprimidos e pastas, para facilitar a digestão. Ainda é possível ver a mesa de comando original usada para a Missão Apollo e ter uma experiência de como é estar dentro de um foguete, incluindo tremores, que, segundo Charles, são bem próximos ao que ele sentiu.
O organizador da exposição, Rafael Reisman, disse que levou cinco anos para reunir todo o material, vindo de diversas instituições pelo mundo. “Quando a Missão Apollo 17 foi interrompida, várias peças que iam ser usadas em voo, ficaram guardadas na Nasa, que distribuiu para algumas instituições”, afirmou.
Durante coletiva de imprensa na última quinta-feira (26), Charles disse que a viagem espacial não foi uma experiência espiritual, como já relataram outros cientistas. “Eu estava muito ocupado aproveitando a viagem, observando a linda paisagem lunar onde nós pousamos e fazendo o nosso trabalho. Eu não tive tempo para pensamentos profundos”, afirmou.
Questionado sobre as teorias de conspiração de que o homem não foi à Lua, Charles disse: “É inquestionável o fato de que realmente estivemos na Lua, trouxemos cerca de 300 quilos de rochas lunares, completamente diferente dos tipos de rochas achadas na Terra, também é possível enxergar os locais de pouso. Sempre digo: “se você não acredita que pisamos na Lua, porque nós iríamos fingir tantas vezes?”, afirmou. O astronauta ainda rebateu a alegação de alguns americanos e bolsonaristas de que a Terra é plana. “Eu posso mostrar as fotos que tiramos e você pode ver sua forma circular. A Terra que eu vi do espaço é redonda”, afirmou.
Charles também contou a emoção que teve ao pisar na Lua. “Foi uma experiência fantástica e uma aventura maravilhosa, não houve nenhuma noção de medo ou de ser um alienígena numa terra estrangeira. Estávamos muito felizes, esse entusiasmo nunca nos deixou e eu ainda consigo lembrar do sentimento”, afirmou.
Charles também disse que o treinamento físico é o fator mais importante para um cientista e lembrou de um acidente que sofreu e que poderia ser fatal. “Olhe, na Terra eu pesava cerca de 120 Kg, na Lua o valor é aproximadamente dividido por 6, então eu comecei a pular e cair para trás e foi uma posição muito séria. O fato é que eu sobrevivi, e nunca faça nada no espaço, a não ser que você já tenha praticado na Terra. Nunca faça algo que possa te botar em perigo”, disse.
Charles ainda disse que espera que uma nova geração possa ir ao espaço. “Eu acho extremamente importante para nós, astronautas que já estiveram no espaço, encorajar jovens a sonhar alto”, afirmou.
A esposa de Charles, Dorothy, também estava presente na inauguração da exposição. Ao ser questionada se tinha algum receio de que seu marido não voltasse da missão, ela disse: “Na época, morávamos em uma comunidade onde todo mundo era astronauta ou engenheiro da Nasa. Muitos deles tinham ido e voltado, então a viagem do Charles era apenas uma tarefa do dia a dia. Nossa maior preocupação era que ele não pisasse na Lua, como aconteceu com os astronautas da missão Apollo 13. Felizmente deu tudo certo.”