Em um discurso mais alinhado com o governo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, argumentou que os números atuais não mostram a deterioração do cenário fiscal, repetindo que há diferença entre percepção com ruídos e realidade. “Cadê a grande deterioração fiscal? Números não mostram isso”, disse ele, em seminário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Esfera, em que também está presente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Campos Neto citou a evolução das projeções no Boletim Focus e disse que as estimativas para a dívida bruta estão melhorando desde novembro de 2020 e que, neste momento, as projeções são bastante parecidas com o cenário anterior à pandemia de covid-19.
Para 2021, a projeção é de 81,5%, contra 81% da estimativa do governo antes da pandemia. Para o resultado primário, a projeção antes da pandemia era de déficit de 1,0% em 2021 e zero em 2022, “agora é de 1,70% e 0,30%, 0,40%”, disse Campos Neto.
O presidente do BC ainda refutou o argumento de que a melhora fiscal é explicada apenas pela inflação. “A inflação teve seu efeito, mas há vários efeitos que são importantes”, disse, citando o maior consumo de bens, que arrecadam mais, na pandemia e de serviços formais online ante informais.
Campos Neto ainda disse que existe ruído de associar processo eleitoral a medidas do governo, referindo-se a críticas de que o fundo que viria a ser criado na PEC dos precatórios seria usado para ampliar o Bolsa Família. Mas afirmou que a realidade é que tudo será feito dentro do regime de responsabilidade fiscal.
“Parte da comunicação do governo poderia ter sido de forma mais suave. Entendendo que existe ruído de associar processo eleitoral a medidas. Mas o País fez medidas estruturas na pandemia quando ninguém tinha feito, e dentro do regime de responsabilidade fiscal”, completou o presidente do BC, destacando que o compromisso do Congresso com o fiscal é importante.