Enquanto o mercado teme as obras eleitoreiras que o governo federal tenta desenvolver de olho na reeleição de Jair Bolsonaro, o povo sofre na vida real as consequências do fracasso da política econômica. As vítimas agora são os programas sociais herdados de gestões passadas e que impactam milhões de pessoas. É o caso do Casa Verde e Amarela, o antigo Minha Casa, Minha Vida.

O programa tinha R$ 2,1 bilhões previstos para 2021, mas, em abril, o presidente resolveu cortar 98% desse montante com uma canetada, deixando o Casa Verde e Amarela praticamente sem caixa. Um dos principais afetados foi o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), responsável por gerenciar as unidades da faixa 1, de renda familiar inferior a R$ 2 mil. O setor ficou apreensivo com a decisão e recorreu ao Congresso, na expectativa de salvar pelo menos parte desses recursos. Deu certo: como o parlamento pode remanejar os repasses orçamentários, foi possível assegurar cerca de R$ 400 milhões para financiar as obras voltadas para essa faixa de renda do Casa Verde e Amarela até o fim desse ano.

O problema, porém, é que esse dinheiro está prestes a acabar. O FAR tem apenas R$ 27 milhões em caixa para dar conta da empreitada. Para cumprir os contratos em andamento, é preciso mais R$ 800 milhões e, como esse montante não tem previsão de ser liberado, essa parte do projeto será paralisada a partir de setembro. A consequência é um rastro de milhares de obras paralisadas, empresas sem receber e trabalhadores desempregados. “Será muito difícil. Nós esperávamos que a solução se resolvesse em julho, mas agora estamos esperando pelo caos”, admite Carlos Henrique Passos, presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Passos torce para que o Congresso resolva a situação de novo. “Os sinais são contraditórios. O governo diz que está resolvendo, mas, na prática, não está acontecendo nada.” A Casa Verde e Amarela está cada vez mais desbotada.