Coluna: Gabriela Kapim

Nutricionista, Formada pela USU - Rio de Janeiro em 2003, especializada em alimentação infantil. Trabalha com crianças desde 1999, quando, ainda na faculdade, dava aulas de capoeira. Em 2013 estreou como apresentadora no canal GNT dos programas Socorro! Meu Filho Come Mal, Cozinha Colorida da Kapim e, em 2018, o Socorro! Meus Pais Comem Mal. Autora de 2 livros, homônimos dos programas, um deles com mais de 60 receitas para a família toda colocar a mão na massa. Kapim é mãe de dois adolescentes muito legais e que comem superbem, Sofia (15) e Antonio (13). Nesses mais de 20 anos trabalhando com crianças, já ajudou a transformar e melhorar os hábitos alimentares de milhares de famílias, sempre buscando uma conexão saudável entre todas as partes envolvidas: pais, filhos e o alimento.

Fome e obesidade infantil: a difícil realidade dos números que só crescem no Brasil

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Os estudos e registros mostram que a fome e a obesidade vêm aumentando consideravelmente no Brasil. Nos últimos 2 anos, por decorrência da pandemia, esses números estão cada vez mais altos. 

Em 2013, depois de muitos esforços, o Brasil saiu do mapa da fome da OMS. Infelizmente, hoje voltamos a ele com números assustadores: 41% da população brasileira convive com a fome ou algum grau de insegurança alimentar – onde há a falta de disponibilidade e acesso aos alimentos. Metade das crianças com menos de 5 anos, vivem com restrição no acesso à alimentação adequada. 

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Por outro lado, com a mesma origem estrutural – falta de assistência básica, a obesidade vem crescendo assustadoramente. Hoje, 340 milhões de crianças e adolescentes, no mundo, apresentam algum grau de obesidade ou sobrepeso, segundo dados da OMS. No Brasil, esse número corresponde a 30% das crianças e adolescentes, ou seja ⅓ dessa população está doente.

Tanto a fome quanto a obesidade infantil têm como base para seu crescimento a pobreza e a falta de assistência. Outro número que também só aumenta no Brasil é o que denuncia a quantidade de brasileiros na linha da pobreza ou pobreza extra, que hoje somam mais de 75 milhões de brasileiros.

Nas prateleiras dos mercados, é possível perceber um aumento no custo dos alimentos in natura enquanto os ultraprocessados ficam cada vez mais baratos. Grandes marcas de ultraprocessados e a publicidade desleal colaboram imensamente para que esses números só aumentem.

O consumo de alimentos in natura e minimamente processados diminuiu cerca de 85% nas casas com insegurança alimentar. Dando espaço para os produtos ultraprocessados: miojo, biscoitos, refrigerantes…recheados de sal, açúcar e gordura. Deixando claro que o aumento da pobreza impulsiona o consumo de ultraprocessados para quem tem fome contribuindo para o aumento da obesidade. Essa é a lógica equivocada de um sistema alimentar doente.

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