05/08/2021 - 11:49
A manifestação do presidente Jair Bolsonaro nesta semana sobre o prefeito Bruno Covas, que morreu vítima de um câncer este ano, e a reação do seu filho Tomás, expressam, no fundo, a insensibilidade e o pouco caso do capitão com a vida do povo que o elegeu. Na porta do Palácio do Planalto, Bolsonaro criticava governantes que adotaram medidas restritivas e, ao se referir a Covas, disse: “O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai assistir a Palmeiras e Santos no Maracanã”. O mandatário fazia referência ao jogo da Copa Libertadores, disputado em janeiro deste ano, e no qual o prefeito, santista, fez questão de marcar presença ao lado do filho, também torcedor do time. Na época, Covas estava licenciado da prefeitura para se tratar da doença.
Minutos depois da agressão de Bolsonaro, o jovem Tomás, de 15 anos, rebateu a fala do mandatário, chamando-o de incompetente e negacionista. E encerrou a mensagem com a síntese do que representa o presidente neste momento: ele “nunca entenderá o que é amor”. Em se tratando de Bolsonaro, a carapuça serve e muito.
Até hoje, o presidente não mostrou respeito algum a qualquer uma das quase 560 mil famílias que perderam parentes para a Covid-19. Pelo contrário: atacou o lockdown, disseminou mentiras sobre remédios milagrosos e ainda questiona a eficiência das vacinas em público. Nesta quarta-feira (4), chegou a dizer que não tomará a Coronavac, produzida no Brasil e por um instituto administrado pelo seu rival, João Doria.
A ciência já mostrou que essa vacina tem 86% de eficiência na prevenção de hospitalizações pelo coronavírus. Foi graças às vacinas que o Brasil vem reduzindo o número de casos e de mortes. Em São Paulo, que chegou a registrar 600 mortes por dia, agora esse número caiu para 20 óbitos diários.
Mas nada disso importa para um presidente que está preocupado exclusivamente em se salvar do impeachment e continuar com a caneta nas mãos a qualquer custo – mesmo que o preço seja centenas de milhares de vidas. Afinal de contas, Bolsonaro só ama a si e o poder que, aos poucos, tem escorregado de suas mãos.