Eduardo Sardinha

Pela primeira vez o público não terá de subir a serra para acompanhar o tradicional Festival de Inverno de Campos do Jordão, o maior evento de música clássica da América Latina. Em sua 51ª. edição, que acontece nesse mês de julho, ele terá 100% dos seus concertos transmitidos online, além de 39 apresentações presenciais no auditório Cláudio Santoro, em Campos, e quatro na Sala São Paulo, na capital. Todas com capacidade limitada). A última edição, em 2019, recebeu 151 mil espectadores e bateu recorde de público. Além da programação em homenagem aos 250 anos de Beethoven e ao centenário do argentino Astor Piazzolla, haverá forte presença de obras compostas por mulheres, como Fanny Mendelssohn, Cécile Chaminade, Lili Boulanger e as brasileiras Chiquinha Gonzaga, Clarice Assad e Marisa Rezende, entre outras. A partir de 2022, o festival reserva uma grande novidade: haverá uma versão também no verão, de 15 de janeiro a 13 de fevereiro. O Festival de Campos baseia-se em dois eixos: clássico, com curadoria da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) e popular-sinfônico, organizado pela orquestra Jazz Sinfônica. É famoso por seu caráter pedagógico: serão 135 alunos de todo o País, divididos em duas orquestras acadêmicas e um total de 800 horas de aulas. Haverá ainda o Prêmio Eleazar de Carvalho, dedicado ao maestro que criou o festival, que premiará um músico de destaque.

Respirando clássicos

No mês de julho, em Campos do Jordão, os pulmões não se enchem apenas de ar puro: respira-se música. Para Fábio Zanon (foto), coordenador artístico-pedagógico, o evento abre janelas para que o estudante possa olhar para si, para os colegas e para o caminho profissional que se descortina à sua frente. “Isso não se refere apenas a tocar bem o instrumento, mas também a sua inserção em uma sociedade que absorve a música como patrimônio cultural
e ferramenta de transformação social”, afirma Zanon.