24/06/2021 - 13:23
A Expedição Pantanal – formada pelo documentarista Lawrence Wabba, a jornalista Flávia Vitorino e o biólogo Hugo Fernandes, juntamente com Instituto Homem Pantaneiro – está na Serra do Amolar, onde ocorreram enormes prejuízos com os incêndios do ano passado.
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Foram dois dias inteiros de deslocamento entre estrada e barco e nesta quinta, 24, começam os treinamentos com as novas brigadas permanentes para preparo da época da seca deste ano, que será ainda maior.
“Vocês podem observar que o Pantanal hoje está verde. Porém essa regeneração não é de mata nativa, mas sim de cipós que cobrem as árvores mortas pelos incêndios”, explica o coronel e ambientalista Rabelo, que lidera a formação das novas brigadas.
“Essa paisagem nos dá a falsa sensação de que não houve desmatamento da área, porém, se vocês observarem de perto, vão detectar a quantidade de árvores queimadas.” O coronel tem razão.
Os cipós que cobrem a mata nativa não conseguem esconder completamente a marca de dias terríveis e de queimadas intermináveis na região.
“O fogo levou tudo. Nossas árvores, nossos animais, nossas casas e muitas vidas que diretamente e indiretamente estavam ajudando nos incêndios“, diz dona Leonida, ribeirinha que conta com tristeza da perda de uma das crianças da comunidade por um acidente causado na correria dos incêndios.
“É muita tristeza. É preciso olhar pra gente, olhar pro Pantanal e nos unirmos para cuidar das comunidades, dos animais e da natureza”, pede dona Leonida.
Ousado, a icônica onça-pintada que teve sua foto estampada em todas as mídias, resgatada com duas patas queimadas, está se readaptando, porém foi um raro caso de sucesso perto da quantidade de animais que morreram.
“Encontramos restos de diversas espécies de animais que morreram juntos, encurralados pelo fogo” continua Dona Leonida.
O desmatamento traz um grande problema para a região, que possui uma enorme quantidade de aves. Com a queimada das árvores que fornecem alimentos para a fauna, está ocorrendo uma diminuição das aves e é preciso agir rápido.
O Instituto Homem Pantaneiro, contando com doações e as comunidades locais, construiu viveiros de mudas e está promovendo o reflorestamento para que não haja maior prejuízo e perda da fauna local.
“A grande preocupação do momento é tentar evitar a proporção dos desastres ocorridos o ano passado, que ainda nem foram superados, para que os danos não sejam ainda maiores” diz o coronel Rabello, se referindo aos 26% de áreas afetadas, dos 150 mil quilômetros quadrados da área do Pantanal brasileiro. A média anual era de 8%.
“Para isso, estamos com a atenção toda no período de seca, e treinando os brigadistas para que estejam aqui no momento da descoberta do foco do incêndio, e não somente depois que ele já se espalhou por toda a mata, o que aconteceu nos últimos dois anos.” Lembrando que o governo cortou 58% da verba destinada aos brigadistas locais, deixando o Pantanal completamente despreparado para combater os incêndios que ocorreram.