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CONSELHEIRO
Marina e Ricupero (abaixo) falam sobre política externa

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Mesmo de fora do embate acalorado entre o PT e o PSDB, a senadora Marina Silva (PV-AC) trouxe uma polêmica para o interior de sua própria campanha. Tudo começou há dois meses, quando ela procurou o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Ricupero, 73 anos, para entender melhor os riscos da aproximação do Brasil com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Com a franqueza que já lhe custou o cargo de ministro da Fazenda, Ricupero disse que o Irã possui um regime altamente repressivo, que nega o holocausto e defende valores opostos aos brasileiros, por isso o governo brasileiro deveria tomar mais cuidado com os amigos que escolhe. Desde essa conversa, Marina liga para o apartamento do embaixador no bairro do Pacaembu, em São Paulo, todas as vezes que precisa de opiniões sobre assuntos externos. Foi assim no início de março, ocasião em que a senadora deu entrevista para o “The Economist”. “Ela é minha amiga pessoal. É sempre um prazer falar com a Marina. Mas eu sou amigo e colaborador do José Serra. Sou eleitor do Serra”, disse Ricupero.

A negativa de Ricupero soou como um balde de água fria na intenção do PV de levar simpatizantes do PT e do PSDB para uma terceira via personificada pelos verdes. Ao menos oficialmente, Ricupero não participará da campanha de Marina. Continuará, no entanto, dando conselhos sempre que for solicitado. Em 1994, quando era ministro da Fazenda do governo Itamar, Ricupero disse ao jornalista Carlos Monforte que “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”, antes do lançamento do Plano Real, sem saber que as antenas já estavam captando o sinal transmitido pela Rede Globo. A conversa em off vazou e ele perdeu o posto. Mas, apesar do “escândalo da parabólica”, Ricupero manteve o respeito e o prestígio internacional. “A Marina tem ouvido quem tem conteúdo para oferecer propostas para o País. E o Ricupero é respeitado internacionalmente”, diz Marco Antônio Mróz, um dos coordenadores da campanha do PV.

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Marina tem se esforçado para ampliar a rede de colaboradores de sua campanha, que, ao contrário da do PT e PSDB, carece da falta de recursos e terá que lidar, na eleição, com o pouco tempo no horário eleitoral gratuito. E, de certa forma, a senadora tem alcançado êxito. Ela é responsável pelo boom de filiações que o partido tem vivido. Se antes de sua coligação eram 500 pedidos de filiação por mês, atualmente são em média 1,2 mil. E, graças a isso, o PV passou a ter peso para disputar governos estaduais, negociar alianças e esnobar o PT em alguns Estados. Na Bahia, por exemplo, o partido vai lançar o deputado Luiz Bassuma ao Palácio de Ondina contra o governador petista Jaques Wagner. “Nós entramos no jogo político de cachorro grande. De agora para a frente, somos uma corrente política instalada no debate do Brasil”, diz o presidente do PV nacional, José Luiz Penna.

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