O vendedor Roger Frabrizius da Rocha, de 32, pai da menina Ketelen Vitoria Oliveira da Rocha, de 6 anos, que morreu no dia 24 após ser espancada, em Porto Real (RJ), disse em entrevista ao Uol que a prisão das acusadas de agredir a menina traz “um certo alívio e conforto”.

Segundo Roger, ele e a mãe da menina, Gilmara de Farias, de 27 anos, estão separados desde que a criança tinha um ano de idade. Ainda de acordo com o vendedor, ele tentou “ser o mais presente possível”, mas a família de Gilmara “não deixava”.

Roger diz ainda que tem tomado calmantes para enfrentar a violenta morte da filha. Ele chegou a ver a filha intubada após as agressões. “Foi duro ver minha filha naquele estado tão deplorável. Agora tento recompor as ideias para seguir em frente na vida”, disse ao Uol.

Conforme o pai de Ketelen, ele só soube do espancamento da filha pela imprensa. “Ela sumiu com minha filha. Não foi um sequestro, mas foi algo parecido, né? Porque nunca mais tive contato desde quando ela se mudou de Caxias para a cidade onde aconteceu o assassinato de Ketelen”, afirmou o vendedor.

Desempregado e vivendo de bicos, Roger afirma que chegou a pedir dinheiro para o pai dele para comprar alimentos para a filha. “Toda vez que pedia para ver Ketelen, porém, era impedido e ameaçado por parentes de Gilmara, por não pagar pensão. Mas não tinha emprego fixo, por isso não tinha como pagar mensalmente”, revelou ao Uol.

Morte de Ketelen

De acordo com o MP-RJ (Ministério Público do Rio), há informações de que Ketelen vinha sendo mantida trancada em um dos quartos da casa dela em Porto Real desde dezembro. Nesse período, a menina recebia alimentos somente uma vez por dia. Ela teria sido obrigada a se alimentar até mesmo com comida estragada.

Para a Promotoria de Justiça de Porto Real/Quatis, as responsáveis pela morte de Ketelen são a mãe da criança, Gilmara Oliveira de Farias, a madrasta, Brena Luane Barbosa Nunes, e Rosangela Nunes, mãe de Brena, que foi presa na quarta-feira.

Conforme a denúncia, Gilmara e Brena atuaram em conjunto em uma sessão de socos, chutes, arremessos contra a parede, pisões e golpes com chicote contra a menina, que foi jogada de um barranco com aproximadamente 7 metros de altura.

A mãe de Brena, dona do imóvel onde ocorreu a violência e onde elas moravam com a criança, foi responsabilizada por contribuir “eficazmente para o crime”, de acordo com o MP, “já que se omitiu quando deveria agir contra as agressões”.

Segundo a Promotoria, ela deveria ter agido para interromper as agressões, “uma vez que desempenhava cuidados diários para a menor, oferecendo abrigo e alimentação à eventual vítima”. O Ministério Público ainda considerou que Rosângela agiu em conjunto com a mãe e a madrasta para tentar enganar a polícia, criando a versão de que Ketelen teria se ferido com uma estava.