25/07/2016 - 11:09
A Fifa suspendeu do futebol por um ano, nesta segunda-feira, o ex-presidente da Federação Alemã de Futebol que liderou a equipe na conquista da Copa no Brasil em 2014. Wolfgang Niersbach, que também foi o vice-presidente do Comitê Organizador da Copa de 2006 na Alemanha, é um dos atores envolvidos na suspeita de que Berlim tenha comprado votos para sediar o Mundial há dez anos.
A investigação realizada pelo Comitê de Ética da Fifa não avaliou se houve ou não corrupção na escolha do evento ou nos votos que Berlim recebeu. O dirigente alemão, porém, foi punido por não ter alertado a Fifa sobre possíveis conflitos de interesse num dos pagamentos registrados e por não ter sido transparente.
No ano passado, a imprensa alemã revelou como os organizadores do Mundial de 2006 teriam comprado os votos para poder sediar o evento. Um caixa 2 foi criado pelo Comitê de Candidatura com dinheiro da Adidas para distribuir dinheiro aos executivos da Fifa que votariam pela sede do Mundial.
Desde a eclosão da crise na Fifa em maio, as Copas de 1994, 1998, 2002, 2010, 2018 e 2022 estão sob suspeita. O FBI indicou em seu indiciamento de diversos cartolas como votos foram comprados para sediar o maior evento do mundo. Na Suíça, o Ministério Público também investiga os casos, principalmente a eleição realizada em 2010 e que escolheu a Rússia e o Catar para os dois próximos Mundiais.
A suspeita alemã é de que uma conta paralela com cerca de US$ 10 milhões foi estabelecida e alimentada por Robert Louis-Dreyfus, o ex-CEO da Adidas. Os recursos teriam sido usados para comprar quatro votos da Ásia, entre os 24 eleitores da Fifa. Em 2000, a eleição terminou com doze votos para a Alemanha, contra onze para a África do Sul. Na ocasião, a abstenção do cartola da Nova Zelândia,Charles Dempsey, criou uma ampla polêmica, já que garantiu a vitória dos europeus.
Para compensar diante da frustração dos africanos, Joseph Blatter foi obrigado a rever as regras e restaurar a rotação entre continentes em 2010 para garantir a vitória dos sul-africanos. Segundo a revista, tanto Franz Beckenbauer, presidente da candidatura, como o atual presidente da Federação alemã, Wolfgang Niersbach, conheciam o esquema.
A suspeita apareceu quando 6,7 milhões de euros foram transferidos para uma conta da Fifa em Genebra, antes de seguir para a conta do empresário Robert Louis-Dreyfus. Oficialmente, os recursos iriam para ” eventos culturais “. Mas essas atividades foram canceladas, sem explicações.
Uma das pessoas que teria recebido dinheiro seria Chung Mong-Joon, o coreano acionista da Hyundai e que tentava se apresentar para as eleições na Fifa. Ele, porém, foi punido com seis anos de suspensão do futebol.