Um vídeo com um trecho de uma audiência na 3ª Vara do Trabalho de Curitiba viralizou nas redes sociais nesta semana. Na gravação, uma advogado é repreendido por uma juíza por escrever “que filha da p…” logo após ter um pedido negado. A tela do computador do advogado estava sendo compartilhada para os demais participantes quando ele digitou a mensagem. As informações são do Uol.

A gafe ocorreu no último dia 22, durante a oitiva de uma testemunha em um processo que discutia existência ou não de vínculo empregatício entre as partes. Durante a sessão, o advogado, identificado como Raphael Bueno Silva, apresentou uma foto de um encontro em espaço aberto e contestou a testemunha se o encontro era uma reunião de trabalho.

“É uma reunião de trabalho, doutor”, afirma a testemunha. Na sequência, o advogado questiona o texto que acompanha a imagem. “Excelência, gostaria de saber o porquê de estar ali na legenda ‘nosso encontro foi maravilhoso'”.

No entanto, a magistrada Edineia Carla Poganski Broch considera a pergunta “desnecessária”. “Ela já explicou, doutor, que é uma reunião de trabalho. Sabemos que é comum confraternizações e encontros de colegas de trabalho fora do ambiente do trabalho e isso acontece. É a explicação dela”, diz a juíza, ao rejeitar um pedido de impugnação do depoimento da testemunha feito pelo advogado.

Enquanto a magistrada justificava a sua decisão, o advogado, que estava compartilhando a tela do computador, escreveu em uma conversa no WhatsApp a frase “que filha da p…”. Logo em seguida, a juíza questiona: “o você escreveu aí? Doutor, quem é filha da p…?”.

O advogado se justifica e afirma que não estava falando sobre a juíza e sim sobre a situação. “De qualquer forma, registro aqui as minhas escusas. Não foi a minha intenção. Peço desculpas às testemunhas também e não foi minha intenção”, argumentou.

“Com todo o respeito, esse não é o tipo de linguajar que se espera de um advogado. Espero que isso não se repita. É lamentável”, repreendeu a juíza. O advogado Raphael Bueno Silva foi procurado pelo Uol, mas preferiu não comentar o caso.

Em nota ao Uol, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região informou que enviou um ofício à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) “pedindo que a entidade analise o caso do advogado que, em tese, teria violado seus deveres como profissional ao fazer um comentário ofensivo durante uma audiência remota no dia 22 de março”.

“Se for confirmada a violação, o Tribunal pede que a OAB tome medidas disciplinares”, diz a nota. Conforme o TRT-9, após o episódio, a juíza se declarou suspeita para analisar o caso.