China e EUA tentam resolver divergências

AFP
Barack Obama e Xi Jinping na Casa Branca, em 2015 Foto: AFP

China e Estados Unidos tentavam nesta terça-feira resolver suas divergências no último dia do chamado Diálogo Estratégico e Econômico, marcado pelas tensões no mar da China Meridional, pelos direitos humanos e pela situação dos intercâmbios comerciais.

Nos dois primeiros dias deste encontro anual, as duas maiores potências mundiais abordaram temas mais consensuais, como o clima, a condenação do programa nuclear norte-coreano, o antiterrorismo e o vírus do Ebola.

A relação entre China e Estados Unidos é “a mais importante do mundo”, disse o secretário de Estado americano, John Kerry, antes de se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping.

Embora Kerry e o conselheiro de Estado, Yang Jiechi, responsável pela diplomacia chinesa, tenham afirmado à imprensa a cordialidade de seu encontro, não faltaram temas de discórdia.

Um deles é a tensão no mar da China Meridional, do qual a China exige uma soberania quase total, apesar dos protestos de seus vizinhos. A questão foi abordada “em profundidade”, disse Kerry.

“Reiterei o apoio fundamental dos Estados Unidos a uma solução pacífica e negociada”, explicou Kerry, expressando a preocupação de Washington diante de “qualquer iniciativa unilateral”, uma alusão à “militarização” e à construção por parte da China de infraestruturas em várias ilhas disputadas com seus vizinhos.

Por sua vez, Yang Jiechi disse que a China “quer que os Estados Unidos cumpram sua promessa e não se posicionem nas discussões territoriais” da região.

John Kerry criticou, por sua vez, a nova lei chinesa que restringe as atividades das mais de mil ONGs estrangeiras no país.

“Transmiti ao conselheiro de Estado, Yang Jiechi, nossa preocupação sobre a lei aprovada recentemente sobre a gestão de atividades das ONGs estrangeiras”, afirmou.

O chefe da diplomacia americana também expressou à China “a preocupação internacional sobre as restrições recentes da liberdade de religião e expressão” na China.

A nova lei chinesa sobre ONGs, adotada quase por unanimidade em abril pelo Parlamento chinês – controlado pelo Partido Comunista – amplia o poder da polícia sobre estas organizações.

Segundo três relatores especiais da ONU para os direitos humanos, “as disposições extremamente amplas e vagas” da lei “poderão ser utilizadas como instrumentos para intimidar, inclusive afogar qualquer opinião ou ponto de vista divergente no país”.

“Quero destacar a importância de autorizar estas organizações a continuar tendo seu papel no país”, reafirmou Kerry.

“Também expressei a preocupação internacional sobre as crescentes restrições à liberdade religiosa e de expressão”, acrescentou o responsável americano, que se refere aos numerosos incidentes entre as autoridades e as comunidades religiosas do país, assim como a onda de repressão que afeta advogados e jornalistas chineses.

Yang Jiechi respondeu que os chineses “desfrutam, segundo a lei,” de liberdade religiosa, assim como das demais liberdades.

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