04/06/2016 - 2:50
A lenda americana do boxe Muhammad Ali faleceu na noite desta sexta-feira, aos 74 anos, em Phoenix (Arizona), informou sua família em um comunicado.
“Após 32 anos de luta contra o Mal de Parkinson, Muhammad Ali morreu aos 74 anos”, disse seu porta-voz, Bob Gunnell.
“A família de Ali quer agradecer a todos que o acompanhavam com seus pensamentos, orações e apoio, mas pede respeito a sua privacidade”.
Gunnell explicou que o funeral será realizado na cidade natal do boxeador, Louisville, Kentucky, em data ainda não definida.
Ali, tricampeão mundial dos pesos-pesados, havia sido internado na quinta-feira em um hospital de Phoenix, onde vivia parte do ano, com problemas respiratórios.
A lenda do boxe – cujo Mal de Parkinson alguns atribuíam aos golpes recebidos durante a carreira – tinha sido internada no fim de 2014 e no começo de 2015, por pneumonia e infecção urinária, e suas aparições públicas eram cada vez mais raras.
Nascido com o nome de Cassius Clay e campeão olímpico em Roma-1960, o astro começou a carreira profissional no mesmo ano, tornando-se campeão mundial da AMB em 1964, ao derrotar Sonny Liston por nocaute no 7° round.
Com apenas 22 anos e ainda como Cassius Clay, conquistou seu primeiro título dos pesados ao vencer Sonny Liston no dia 25 de fevereiro de 1964, em Miami, Flórida.
Clay usou sua velocidade e jogo de pernas – que marcaram sua carreira – para derrotar o lento Liston, que abandonou a luta no sexto round. Após o nocaute técnico, Clay proclamou ao mundo: “sou o maior”!
Em 25 de maio de 1965, já como Muhammed Ali, voltou a enfrentar Liston em Lewiston, no Maine, para derrubar o desafiante logo no primeiro round.
Depois de causar enorme polêmica nos Estados Unidos ao recusar se alistar para combater no Vietnã, alegando convicções religiosas, o que o levou a ser preso e destituído dos seus títulos, Ali enfrentou Joe Frazier no Madison Square Garden.
No dia 8 de março de 1971, com 50 países transmitindo o combate em Nova York, Ali começou dominando os três primeiros rounds, mas Frazier assumiu o controle a partir do quarto assalto – com uma série de ganchos – e encurralou o adversário no final.
Frazier manteve o título por decisão unânime dos juízes, impondo a Ali sua primeira derrota profissional.
Ali só voltou a ser campeão mundial em outubro de 1974, depois de vencer o grande rival George Foreman, em Kinshasa, no Zaire, hoje chamado República do Congo, em uma luta que muitos consideram a maior de todos os tempos.
Ali dançou no ring para evitar a conhecida pegada do gigante Foreman, que disparava golpes e se cansava no sufocante calor africano diante das provocações, outra característica do lendário pugilista.
A partir do quarto round, Foreman já mostrava cansaço e começou a ser minado por uma sequência de golpes, que culminaram com o nocaute no oitavo assalto, após um gancho de esquerda que sacudiu a cabeça de Foreman e uma direita que o jogou na lona.
Outra luta antológica ocorreu em Manila, nas Filipinas, a terceira contra Frazier, que treinou intensamente para o combate realizado em outubro de 1975.
Ali começou com uma série de golpes combinados, mas Frazier aproveitou o cansaço do adversário para encaixar seus poderosos ganchos de esquerda, para dominar até o décimo assalto, quando a lenda passou a reagir explorando sua velocidade para fechar os olhos de Frazier com golpes precisos no rosto.
O treinador de Frazier, Eddie Futch, jogou a toalha no 15º round, apesar das suas objeções, e Ali venceu outro combate épico.
O título foi perdido em fevereiro de 1978, com derrota para Leon Spins, e reconquistado na revanche, em setembro do mesmo ano.
A carreira profissional de Ali terminou com uma derrota por pontos para Trevor Berbick, no dia 11 de dezembro de 1981, no Queen Elizabeth Sports Centre de Nassau.
Em 1996, Ali emocionou o mundo ao acender a pira olímpica dos Jogos de Atlanta, já tremendo por causa do Mal de Parkinson.