Na pequena Alfenas, cidade do sul de Minas Gerais, a família Flausino guarda uma relíquia especial. Trata-se de um disco de vinil com canções do repertório de Silvio Caldas interpretadas pelo patriarca Zé Flausino, já falecido. Comercian-te conhecido, o velho gravou o disco na década de 70 ao ser premiado num concurso da antiga Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Mas jamais fez carreira na área. Quem acabou enveredando pelo show biz foram seus netos. Rogério, 27 anos, se tornou um ídolo nacional e por isso reivindica o direito de guardar a preciosidade ao lado de seus discos de ouro. Ele é vocalista da banda pop Jota Quest, cujo segundo CD,De volta ao planeta, ultrapassou as 600 mil cópias vendidas, ancorado na canção Fácil, hit adolescente escolhida para animar um anúncio do Bradesco. Novo fenômeno das paradas, o grupo costuma fazer 18 apresentações por mês, fechando outubro com a cifra de 226 shows da turnê do novo trabalho. Há um ano, os cinco rapazes dividiam um cachê médio de R$ 4 mil. Hoje este valor costuma ser seis vezes maior.

O sucesso acabou gerando frutos familiares. Autor de Fácil, Wilsom Sideral, 24 anos, irmão de Rogério, decola a carreira solo com um inspirado CD de estréia, lançado pela Universal Music. Ele compôs a canção ano passado, no aeroporto de Salvador. “São frases sobre a pureza e a tranquilidade de quem sobreviveu às turbulências”, diz Sideral, que há três anos abandonou as drogas. “Agora o Wilsinho vai subir como um cometa”, aposta Rogério, que mineiramente investe na carreira dos irmãos. O cantor fez um empréstimo de R$ 5 mil ao mais novo, Flávio Landau, 21 anos, para que ele gravasse seu primeiro disco independente. Na mesma trilha, Marcus Menna, primo em segundo grau dos Flausino, acaba de lançar pela Indie Records seu primeiro trabalho como vocalista da banda LS Jack. Natural de Brasília e criado no Rio de Janeiro, Marcus investe num som dançante. Disposição para cativar o público, seja qual for, é que não falta a nenhum deles. “É possível ser cantor de rock sem ser mal-educado e agressivo, e ser pop sem ser evasivo”, diz Rogério, que briga pela criação de uma noite de rock nas feiras agropecuárias. Pensa, é claro, em abrir mercado para a grande família