Mel Gibson resolveu apostar todas as suas fichas neste remake de Point blank, o segundo filme de John Boorman, rodado em 1967 com Lee Marvin e Angie Dickinson. A história é simples e ágil como uma picada de escorpião. Traído pelo amigo Val (Gregg Henry) e pela própria mulher, Lynn (Deborah Kara Unger), que, não satisfeita, ainda lhe dá três tiros pelas costas, Porter (Gibson), um marginalzinho de segunda, se transforma num vingador implacável e obtuso como os personagens de Charles Bronson. Felizmente, a direção do estreante Brian Helgeland acrescentou ao personagem algumas pitadas de cinismo, fazendo com que ele passe a maior parte do filme emitindo pérolas da filosofia do submundo. O humor cáustico é reforçado pela presença de veteranos bad boys como James Coburn – Oscar de melhor ator coadjuvante –, além das cômicas investidas da ninja sadomasoquista Dominatryx (Lucy Liu). Nada mais adequado, uma vez que Mel Gibson acostumou-se a chegar ao final dos seus filmes com pelo menos uma fratura e alguns hematomas. (L.C.)
VALE A PENA