Dita por um ministro com livre trânsito no Planalto à editora Débora Bergamasco, de ISTOÉ, uma frase resume bem o novo regime político que o Brasil passa a viver a partir da manhã desta quarta-feira 16: segundo ele, Dilma Rousseff se convenceu de que “é melhor ser uma presidente deposta estando no cargo do que ser uma presidente deposta fora do cargo”.

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Foi o que ela se tornou ao anunciar a nomeação de seu criador e antecessor Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Dilma renunciou ao direito de governar, que foi delegado ao ex-presidente. Abandonou o poder. Só deixou de avisar ao povo brasileiro que já está fora do jogo, embora continue habitando o Palácio do Alvorada e ainda sujeita ao processo de impeachment.

Ninguém nunca duvidou da ascendência de Lula sobre a sucessora. Agora, porém, fica evidente quem tomará as decisões. Antes de o Congresso conseguir avançar com a esdrúxula ideia de implantar um semiparlamentarismo no País, o líder petista impôs ao Brasil o novíssimo semipresidencialismo. Essa jabuticaba política de gosto amargo o coloca como verdadeiro chefe de governo – sem ter recebido um único voto e em um momento em que é investigado pela Justiça .

É evidente que, de volta ao Planalto – ainda que como ministro – é ele quem comandará as barganhas políticas, definirá nomes a ações nos outros ministérios, mudará o que achar que deve ser mudado em nome da preservação do poder. Dilma, que já foi vista como a gerentona nos dois mandatos oficiais de Lula, deixará de ser presidenta para se tornar uma espécie de governanta nesse mandato informal do seu chefe. Subordinados, correligionários, políticos do todas as esferas já sabem que procurá-la não leva a nada. Se antes era difícil falar com Dilma, agora é simplesmente desnecessário.