29/04/2016 - 21:55
Principal líder do PR atualmente, o ex-deputado Valdemar Costa Neto já afirmou a aliados que não vai se opor à participação da legenda em um eventual governo Michel Temer. A sinalização do ex-parlamentar, que atualmente cumpre prisão domiciliar por condenação no mensalão do PT, é apontada como principal senha para possibilitar o apoio unânime da legenda a um futuro governo do peemedebista.
Até a votação do impeachment na Câmara, Valdemar defendeu a permanência do PR na base aliada da presidente Dilma Rousseff. Segundo aliados, ele argumentava que a sigla devia gratidão por todo o espaço que teve durante os governos do PT. A defesa feita por Valdemar provocou inclusive rachas no partido, como a saída do deputado Maurício Quintella (AL) da liderança do PR na Câmara, para apoiar o impeachment de Dilma Rousseff.
O deputado Alfredo Nascimento (AM) também protagonizou outro racha, ao renunciar à presidência do PR segundos antes de anunciar voto pró-impeachment. A atitude surpreendeu governistas, já que ele tinha sido ministro dos Transportes no primeiro mandato de Dilma.
Com a certeza cada vez maior do afastamento de Dilma pelo Senado (a votação está prevista para 11 de maio) e com o placar da votação do impeachment na Câmara na bancada do PR (26 votos a favor e 14 contra), a situação mudou. “Ele (Valdemar) já falou que não vai se opor (a participação do PR em um governo Temer) e claro que a opinião dele tem uma influência muito grande sobre o resto do partido”, diz o deputado Maurício Quintella, que diz falar “toda semana” com o comandante do PR.
Sinalizações
Sinais dessa mudança de postura de Valdemar foram emitidos nesta semana na Câmara dos Deputados. Quintella, que tinha abdicado da liderança, foi indicado novamente, dessa vez para ser vice-líder do partido na Casa.
Outro sinal foi a volta de Nascimento à direção do PR. Com a “bênção” de Valdemar, ele assumirá a vice-presidência. A presidência foi passada para Antônio Carlos Rodrigues, que ainda ocupa o Ministério dos Transportes.
“Natural”
Para o líder do PR na Câmara, deputado Aelton Freitas (MG), essa unidade do partido em torno do apoio a Temer é natural após a maioria da bancada da Câmara votar a favor do impeachment de Dilma no último dia 17 de abril.
“Esse governo dividiu, metade foi para um lado e metade foi para o outro. Mas a maioria do PR acabou indo para um lado, por isso, é natural que o partido vá participar (de um eventual governo Temer)”, afirma Freitas.
O líder diz que o partido não condena os parlamentares que, como ele, votaram contra o impeachment. De acordo com o parlamentar, os votos favoráveis a Dilma foram uma “posição de gratidão” do PR. “Sempre fomos bem contemplados nos governos do PT”, afirma.
Até então governista, Aelton já fala abertamente que o PR tenta manter os Transportes em um eventual governo Temer. Segundo ele, os principais nomes que partido deve indicar são os de Quintella e de Antônio Carlos Rodrigues.
“Se (Gilberto) Kassab se mantiver na Cidades, vamos defender a manutenção de Antônio Carlos. Em não sendo, temos os nomes de Maurício Quintella e dos ex-deputados federais Bernardo Santana (MG) e Luciano Castro (PR)”, disse.
Prisão
Mesmo cumprindo prisão domiciliar e não sendo o presidente do PR, Valdemar é que comanda o partido. Por conta da pena, o ex-deputado evita declarações públicas sobre assuntos ligados à política.